O Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar que inclui potências da América do Norte e Europa, tem planos para usar internet via satélite como forma de garantir a comunicação em caso de problemas com os cabos submarinos, seja por desastres naturais ou por sabotagem. A ideia seria redirecionar o tráfego sem que fosse preciso interromper os serviços.
O projeto conta com a participação de pesquisadores dos Estados Unidos, Islândia, Suécia e Suíça. O braço científico da Otan já aprovou um investimento de US$ 433 mil (R$ 2,33 milhões, em conversão direta), com custo total estimado em US$ 2,5 milhões (R$ 13,5 milhões, aproximadamente). Instituições de pesquisa também vão dar apoio à empreitada.
Segundo a Bloomberg, a iniciativa será lançada em um simpósio na Universidade Cornell (EUA) ainda em julho. A ideia é desenvolver métodos para detectar problemas nos cabos e desviar automaticamente o tráfego de dados para satélites (ou outros cabos submarinos). Além disso, a Otan quer ferramentas para identificar onde os cabos foram danificados com precisão de um metro — atualmente, só é possível saber em que quilômetro a estrutura está com problemas.
O sistema precisaria de dois anos de testes, além de mudanças regulatórias, com envolvimento de parceiros comerciais e governamentais. Gregory Falco, engenheiro de sistemas espaciais da Cornell e um dos diretores do projeto, avalia que o projeto é tecnicamente complexo, depende de leis internacionais “muito bagunçadas” e vai precisar de muita coordenação jurisdicional.
Otan teme ataques a cabos submarinos
Apesar de usarmos aparelhos sem fio todos os dias, como smartphones e notebooks, as comunicações dependem de cabos submarinos. Estima-se que eles transportem o equivalente a US$ 10 trilhões em transações financeiras diariamente. Segundo a Otan, quase todo o tráfego de internet dos 32 países-membros passa por estas instalações.
A aliança militar teme que outras potências, como a China ou a Rússia, possam danificar estes cabos de maneira intencional, para prejudicar as comunicações durante uma crise militar.
Alguns países estão mais expostos a este risco, como a Islândia. “Você só precisa de três ou quatro bombas para cortar as comunicações da Islândia”, afirma Bjarni Már Magnússon, professor de direito da Universidade Bifröst e um dos envolvidos no projeto.
Com informações: Bloomberg, TechRadar
Otan quer usar internet via satélite como “backup” para cabos submarinos