A fabricante chinesa de carros eletrificados BYD apresentou na primeira semana de setembro o Yuan Pro, que chega por importação a R$ 182.800. O novo SUV elétrico de entrada é o mais barato do Brasil, nesta segunda-feira (9).
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O lançamento da BYD chega a custar R$ 10 mil a menos que o também chinês Neta X 400 (R$ 194.900), ficando na mesma faixa de preço dos modelos a combustão mais vendidos do segmento, Volkswagen T-Cross (R$ 180.690) e Hyundai Creta (R$ 187.890) em suas versões de topo.
Com porte de T-Cross e Creta, mas com um visual que remete ao médio Mercedes-Benz GLB/EQB, o BYD Yuan Pro desembarca no país pouco mais de um ano após a estreia do hatch Dolphin. A missão é semelhante: convencer (ainda) mais gente a adotar a marca. Será que vai conseguir?
O avaliou o novo lançamento da BYD e, além das impressões, traz 5 pontos de destaque sobre o carro. Veja abaixo.
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A virada da virada para a BYD
Em julho de 2023, a BYD tinha apenas modelos grandes em linha e uma desconfiança do mercado para superar. Foi aí que o Dolphin, a R$ 150 mil e com uma potente campanha de marketing, fez a virada.
Corta para 2024: a BYD já amplia investimentos e figura entre as 10 marcas mais vendedoras do mercado nacional, com uma participação de quase 3%, segundo dados da Fenabrave (a entidade que reúne os concessionários), na cola da Honda.
Só em 2024, a BYD emplacou 6.700 unidades, o que a torna a marca líder em elétricos e híbridos plug-in. Considerando apenas veículos elétricos, 8 em cada 10 unidades vendidas no país atualmente são da BYD.
Mas a ideia da fabricante chinesa é ampliar significativamente essa participação, buscando estar entre as três maiores vendedoras do país até 2027, levando em conta todos os segmentos. E para isso, é necessário ter produtos competitivos, diferenciais em relação à concorrência, além de um bom pós-venda e suporte ao cliente eficiente.
De fevereiro a agosto, já foram três lançamentos para ocupar virtualmente todos os segmentos de mercado, incluindo aqueles que as fabricantes tradicionais já abandonaram: Dolphin Mini (hatch subcompacto), King (sedã médio híbrido), Song Pro (SUV médio híbrido). Houve ainda a atualização do Song Plus (SUV híbrido médio-grande) para a linha 2025, com bateria maior.
Agora em setembro, é a vez do Yuan Pro. E ainda este ano teremos a chegada da picape média híbrida Shark.
O desafio do BYD Yuan Pro
Caberá ao Yuan Pro tentar romper de vez a resistência do consumidor naquele que é o segmento mais valioso do cenário brasileiro.
Se os SUVs em geral já representam 48% de todas as vendas de automóveis no país, uma boa parte desse total vem dos SUVs compactos.
Liderança, que vem desde 2023, é do VW T-Cross, com mais de 46 mil unidades entregues desde janeiro. Hyundai Creta (43,7 mil) e Chevrolet Tracker (41,6 mil) completam o pódio.
Nenhum deles tem qualquer pé na eletrificação, mas entregam motor flex com compromisso entre potência e autonomia, algum espaço interno, equipamentos além dos encontrados em hatches e sedãs pequenos e boa pós-venda.
Será que o Yuan Pro consegue ter diferenciais suficientes para sobressaltar frente aos rivais?
O experimentou o modelo em abril, durante a BYD Journey, uma programação paralela ao Salão do Automóvel de Pequim, na China. Com base nessa experiência, confira a seguir os destaque e pontos de atenção sobre o BYD Yuan Pro.
1. Preço competitivo e garantia ampliada
O BYD Yuan Pro chega em configuração única por R$ 182.800, cinco opções sem custo adicional de cor para carroceria (azul, verde, cinza, branco e rosa) e uma lista interessante de equipamentos (veja mais abaixo).
Com estes valores, o Yuan Pro acaba jogando de igual para igual com as versões mais completas e caras dos principais rivais. O VW T-Cross Highline custa R$ 180.690 iniciais; Hyundai Creta Ultimate a partir de R$ 187.890; Chevrolet Tracker Premier Turbo, R$ 179.840 iniciais.
Além disso, a BYD oferece 6 anos de garantia para o carro como um todo, com 8 anos para o conjunto de bateria, sem limite de quilometragem. E há ainda promoção que garante até 1 ano de seguro grátis para compras feitas até o dia 10 de setembro.
Para quem não quer comprar, o Yuan Pro ainda pode ser assinado mensalmente por R$ 4.480 pelo prazo de 48 meses, com franquia mensal de 1.000 km. Nestas condições, que incluem custos de manutenção e seguro, o valor total será de R$ 215.040.
2. Porte
Direto ao ponto, o Yuan Pro tem 4,30 metros de comprimento, espaço entre-eixos de 2,62 metros, sendo tão grande quanto o Hyundai Creta e com sobra de quase 10 cm para T-Cross. Mas o modelo da VW é quem tem o maior espaço interno (2,65 m) dentre os rivais.
Chamado de Yuan Up na China, o “nosso” Yuan Pro tem desvantagem em relação à concorrência, porém, com 265 litros de porta-malas. O T-Cross (373 l), o Tracker (393 l) e o Creta (422 litros) carregam bem mais bagagem.
3. Equipamentos
Neste quesito, os modelos da BYD costumam chamar atenção, e o Yuan Pro não é diferente. Cabine bem construída e lista de itens com alguns mimos, acaba chamando atenção com painel de instrumentos digital (LCD colorido, quase 9 polegadas), mas sobretudo com a tela central giratória de 12,8 polegadas, integrada a Android Auto e Apple Carplay, ar-condicionado de duas zonas, câmera 360º, bancos dianteiros com ajuste elétrico, carregamento por indução para celulares, conexão de internet a bordo, além de atualizações remotas.
Um segredinho aqui: na China, o Yuan Up tem teto solar panorâmico, um item que não está disponível na configuração que importamos.
Na segurança, 6 airbags, controles de tração e estabilidade, assistência de partida em rampa, freio de estacionamento eletrônico e controle de cruzeiro, características que estão em par com os rivais.
Conjunto de motor de 177 cv e bateria com autonomia que pode chegar aos 250 km são diferenciais (Imagem: BYD/Divulgação)
4. Motorização
Aqui está a grande questão, já que o padrão para o segmento é se valer totalmente de motores flex, sem opções de híbridos, que surgem apenas em modelos intermediários, como o Compass 4Xe (em distantes R$ 350 mil).
Falando da entrega dos rivais bons de loja: VW T-Cross Highline usa 1.4 turboflex, 150 cv e 25,5 kgfm com gasolina ou etanol. Hyundai Creta Ultimate e seu 2.0 aspirado entregam 167 cv e 20,6 kgfm máximos com etanol. E Chevrolet Tracker Premier Turbo é o intermediário com seu 1.2 turboflex de 133 cv e 21,4 kgfm. Todos utilizam câmbio automático de 6 marchas.
No Yuan Pro, a bateria de 45 kWh pode ter 80% de sua recarga feita em cerca de 20 minutos, mas apenas em redes DC de ampla potência (60 kW), com autonomia que pode chegar a “apenas” 250 km no ciclo do Inmetro, ainda não divulgado.
Mas o motor deixa concorrentes “comendo poeira” graças a dados similares aos de motor 2.0 turbo: são 177 cv, 29,5 kgfm de torque e sensação de muita força instantânea, sem qualquer troca de marcha.
5. Experimentando o Yuan Pro
A primeira impressão positiva sobre o SUV pequeno da BYD vem do visual. Existe uma mistura de linguagens ou influências de outras marcas, sim, mas com resultado positivo, que joga em prol do aspiracional.
Frente agressiva remete aos BYD maiores, com para-choque bem esportivo; lateral lembra demais o Creta de primeira geração (sobretudo na coluna A e elevação do teto). já a traseira é toda de Mercedes-Benz GLB/EQB (sobretudo antes da re-estilização), o que confere um toque premium.
Na cabine, o bom acabamento é algo muito positivo e a falta de itens como ACC (controle de cruzeiro adaptativo), algo que seria negativo em modelos mais perto do patamar dos R$ 200 mil, acaba sendo desculpável por aqui. A tela, que pode ser usada na horizontal ou vertical, acaba tendo apenas apelo estético. Mas o teto panorâmico seria um diferencial importante se tivesse embarcado ao Brasil.
Se o futuro comprador tiver um uso mais urbano, com poucas viagens programadas (seja pela promessa de autonomia comedida, bem como o porta-malas limitado), além de estar ciente da necessidade de contar com uma boa programação de recarga, o Yuan Pro certamente vai entregar uma noção de esportividade ao volante, até com segurança para rápidas ultrapassagens, que nenhum dos rivais pode igualar.
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