Já pensou no quanto de produtos químicos as embalagens que preservam alimentos podem liberar? Em busca dessa resposta, pesquisadores do Food Packaging Forum, na Suíça, realizaram um abrangente estudo, englobando diferentes fontes, e descobriram 3,6 mil químicos no organismo humano, sendo que 80 têm “propriedades de risco de alta preocupação”. A hipótese é que maioria é derivada de embalagens ou de utensílios usados na preparação dos alimentos.

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  • Cientistas encontram microplásticos no leite materno

Os compostos encontrados são mais conhecidos como químicos em contato com alimentos (FCCs, na sigla em inglês). Entram nessa classificação, os produtos químicos eternos (PFAS), o Bisfenol A (BPA) e outros com efeitos ainda desconhecidos no organismo.

“Muitos FCCS são preocupantes para a saúde humana, porque têm propriedades perigosas, como carcinogenicidade, mutagenicidade e reprotoxicidade (CMR), propriedades de desregulação endócrina, potencial de bioacumulação e/ou persistência [no organismo]”, afirmam os autores do levantamento.


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Vale lembrar que as embalagens de alimentos não são as únicas a liberar compostos. Em garrafas de água de uso único, outros estudos já identificaram milhares de microplásticos, com possíveis implicações para a saúde.

Produtos químicos em embalagens de alimentos

Publicado na revista Journal of Exposure Science and Environmental Epidemiology, o estudo partiu de uma catalogação anterior com cerca de 14 mil FCCs, que podem migrar de embalagens (de plástico, papel, vidro, metal ou outros materiais) para alimentos. Outras possíveis fontes de contaminação envolvem as etapas de produção, como os utensílios de cozinha usados.

A partir dessa base, os cientistas analisaram bancos de dados de biomonitoramento de amostras humanas já existentes, incluindo amostras de sangue, leite materno e urina.

Dos 14 mil FCCs conhecidos, foram encontrados 3,6 mil em amostras humanas. Isso significa que um quarto de todos esses químicos (25%) estão no organismo humano e podem causar efeitos desconhecidos. 

Químicos presentes em embalagens de alimentos podem chegar aos humanos, com efeitos desconhecidos (Imagem: かわい サムライ/Pexels)

A atual pesquisa não estimou a concentração de cada um deles, o que precisará ser feito em pesquisas posteriores. A quantidade é importante para determinar os riscos à saúde.

Químicos encontrados no organismo humano

Entre as descobertas, está a identificação de 29 tipos diferentes de produtos químicos eternos, conhecidos por se bioacumularem nos organismos. Eles também podem reagir entre si. 

Outro produto químico foi o Bisfenol A, usado na produção de alguns tipos de plástico. O químico já foi proibido na composição de mamadeiras no Brasil, por exemplo. Alguns antioxidantes sintéticos e oligômeros também foram encontrados, mas pouco se sabe sobre sua presença em humanos. 

Os autores defendem “a necessidade urgente de proibir os produtos químicos mais perigosos que migram das embalagens de alimentos”. Em paralelo, recomendam novos estudos para avaliar os riscos.

Para além das embalagens de alimentos, outras possíveis fontes de exposição de FCCs ajudam a explicar a diversidade de compostos encontrados no organismo. Isso pode incluir poluentes ambientais, medicamentos e produtos de higiene e cuidados pessoais.

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