A geleira Thwaites, mais conhecida como “Geleira do Juízo Final”, deve derreter ainda mais rápido do que se pensava. Segundo um novo estudo de pesquisadores da Inglaterra e dos Estados Unidos, a ação das marés no lado submerso da geleira deve acelerar o processo de derretimento, colocando em risco a estabilidade de todo o lençol congelado do oeste da Antártida.
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A geleira enorme mede cerca de 192 mil km², e chama a atenção dos cientistas devido à velocidade com que vem sofrendo mudanças. Sua perda teria impacto significativo no nível dos oceanos em todo o mundo, daí seu apelido “Geleira do Juízo Final”.
Esta grande massa congelada funciona como uma âncora, que mantém presa a camada de gelo da Antártida ocidental. Como tem mais de 2 km de espessura, Thwaites pode ser comparada à rolha de uma garrafa: se ela colapsar, o nível dos mares subiria em 65 cm — o que é bastante alto, afinal, os oceanos sobem 4,6 mm a cada ano.
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Mas pode piorar: se a camada congelada inteira for perdida, o aumento seria de 3,3 metros. A Thwaites apresentou recuo nos últimos 80 anos, e cientistas observaram que o processo acelerou nas últimas três décadas. Rob Larter, geofísico que contribuiu para o novo relatório da Colaboração Internacional sobre a Geleira Thwaites (ITGC), comentou que “as descobertas mostram que ela deve recuar cada vez mais rápido”.
Alguns modelos computacionais indicam que as emissões dos gases causadores do efeito estufa podem desacelerar o processo. Já o estudo de Larter e seus colegas foi feito com a ajuda de um robô em formato de torpedo, que revelou que a parte submersa da geleira está cercada por uma camada fina de água fria.
Nas áreas em que parte da geleira se afastou do fundo do mar, onde o gelo começa a flutuar, a ação das marés vem trazendo água mais quente e a alta pressão a até 10 km sob o gelo. O processo deve acelerar o recuo da área em que a geleira se apoia no fundo do oceano.
Os autores descobriram que, no pior dos cenários, penhascos de gelo com mais de 100 m de altura na frente da geleira poderiam despencar rapidamente. Neste caso, aconteceria um recuo glacial descontrolado e intenso, capaz de aumentar o nível dos mares em dezenas de centímetros ainda neste século. No entanto, eles reforçam que ainda é cedo para dizer se é provável que algo do tipo aconteça.
Além disso, ainda não está claro se a perda da geleira Thwaites já se tornou irreversível, já que nevascas fortes ocorrem constantemente na Antártida e ajudam a reabastecer o gelo; mesmo assim, talvez nem processos naturais como este sejam suficientes. “O problema é que temos este desequilíbrio: há mais perda de gelo ocorrendo do que a neve consegue compensar”, alertou Michelle Maclennan, cientista do clima.
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