O El Niño é um fenômeno natural que causa o aquecimento atípico das águas do Oceano Pacífico, na região próxima à linha do Equador. Há cerca de 252 milhões de anos, um mega El Niño, com algumas particularidades, pode ter sido responsável pela extinção em massa no final do Período Permiano e começo do Triássico. O período recebeu o nome de “A Grande Morte”.
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- Quase todo El Niño será extremo de agora em diante, prevê estudo
A ligação entre o mega El Niño e o movimento de extinção é defendida por um estudo recém-publicado na revista Science. A pesquisa contou com uma equipe internacional de cientistas, incluindo membros da Universidade de Bristol (Reino Unido) e da Universidade Chinesa de Geociências (China).
Até então, o cataclisma tinha como única origem os altos níveis de vulcanismo no planeta Terra, o que teria liberado dióxido de carbono em excesso (fumaça dos vulcões) e contribuiu para o aquecimento alarmante do planeta. Entretanto, outros fatores estiveram envolvidos, como a questão do mega El Niño.
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“A extinção em massa do Permiano, embora devastadora [para grande parte das formas de vida], acabou por permitir que os dinossauros se tornassem a espécie dominante a partir de então, assim como a extinção em massa do Cretáceo levou ao surgimento dos mamíferos e dos humanos”, afirma Alexander Farnsworth, pesquisador da Universidade de Bristol e autor do estudo, em nota.
Entenda o mega El Niño
Na atual fase do planeta, o El Niño acontece em intervalos irregulares (a cada dois a sete anos) e modifica tanto os padrões de massas de ar quanto das correntes oceânicas, a partir da oscilação da temperatura do Pacífico. Isso implica em mudanças no clima. Algumas regiões podem passar por seca prolongadas e calor excessivo, enquanto há chuva em excesso em outros locais.
Há mais de 250 milhões de anos, a Terra era diferente (por causa do movimento das placas tectônicas). Naquela época, existia um enorme supercontinente conhecido como Pangeia e uma enorme massa de água bem maior que o atual Pacífico, o Oceano Pantalassa ou Pantalássico. Por causa do tamanho, a capacidade de reter o calor e intensificar os efeitos do El Niño eram muito superiores, quando o oceano era aquecido.
Combinando os elevados índices de CO2 expelidos pelos supervulcões e o mega El Niño, o novo modelo computacional sobre o clima consegue explicar o momento de catástrofe biológica, capaz de afetar tanto a vida animal quanto a vegetal. Até os insetos, considerados mais resistentes, foram impactados. Entretanto, as górgonas sobreviveram.
“O El Niño persistiu por muito mais tempo [do que se vê atualmente], resultando em uma década de seca generalizada, seguida por anos de inundações”, afirma Paul Wignall, cientista da Universidade de Leeds (Reino Unido) e outro autor do estudo. Também ocorreu aumento generalizado das temperaturas médias, o que impediu a adaptação da maioria das espécies.
El Niño e sexta extinção em massa
Por causa do aquecimento global desencadeado pela atividade humana (liberação de grandes quantidades de gases do efeito estufa), alguns pesquisadores entendem que o mundo enfrenta a sexta extinção em massa. Desta vez, os extremos do El Niño, mesmo que menos dramáticos, também parecem contribuir.
Dados apontam para o branqueamento de corais e a elevada mortalidade de peixes. Mais de 40% das espécies de anfíbios estão desaparecendo, o que alerta para a ameaça das formas de vida conhecidas.
Segundo os autores, entender sobre o passado e a origem da outra grande extinção pode ajudar a humanidade a atravessar esse momento complexo e de risco à biodiversidade do planeta.
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