Se um asteroide perigoso fosse detectado a caminho da Terra, será que seria uma boa ideia explodi-lo com uma bomba nuclear? Para descobrir, pesquisadores dos Laboratórios Nacionais de Sandia, nos Estados Unidos, analisaram como uma explosão do tipo poderia salvar nosso planeta do impacto. 

  • Clique e siga o no WhatsApp
  • O que a NASA faria se um asteroide fosse se chocar com a Terra?

Antes de lançar uma missão do tipo, é preciso primeiro descobrir se a empreitada traria os resultados esperados. Para isso, nada melhor do que simular um asteroide, seus arredores e a explosão nuclear em laboratório, para que os cientistas possam realizar os experimentos necessários. 

Foi o que Nathan Moore, físico dos Laboratórios Nacionais de Sandia, fez, junto com seus colegas. Eles tentaram se aproximar de uma detonação nuclear através da chamada “máquina Z”, disponível na instituição. O equipamento ocupa uma sala inteira, e quando é ativado, o argônio gasoso recebe uma verdadeira explosão de eletricidade.


Entre no Canal do WhatsApp do e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.

Isso faz com que o gás exploda em plasma extremamente quente, como aquele que cobre a superfície do Sol. Além disso, o dispositivo também cria megaexplosões de raios X parecidas com aquelas que ocorreriam em uma detonação nuclear no espaço. Pensando nisso, a equipe de Moore levou uma imitação de asteroide para a câmara para simular os efeitos da explosão nuclear.

A Máquina Z, o maior e mais poderoso laboratório de fonte de radiação no mundo (Imagem: Reprodução/Randy Montoya / Sandia National Laboratories)

Mas eles tiveram um problema: a gravidade da Terra. 

Moore comentou que, enquanto os asteroides no espaço não estão presos a nada, em um laboratório tudo é puxado para baixo pela gravidade, ou seja, tudo se mantém no lugar. Além disso, a gravidade impede que qualquer asteroide simulado se mova de forma tão precisa quanto ocorreria no espaço, já que qualquer componente mecânico vai gerar fricção e afeta o movimento. 

A solução veio na forma da chamada “tesoura de raios X”. O nome inusitado descreve o processo adotado pela equipe: com um pedaço de alumínio cerca de oito vezes mais fino que um fio de cabelo, eles suspenderam 0,1 g de sílica na câmara da máquina Z. Essa âncora extremamente fina foi vaporizada assim que recebeu os raios X da máquina, mas por alguns instantes, a amostra de sílica existiu em um estado de flutuação livre e sem influências gravitacionais. 

A ideia era expor pedaços da “imitação” do asteroide a pulsos de raios X como aqueles vindos de uma explosão nuclear. Primeiro, o pulso destroi o suporte que suspende o material, e depois vaporiza a superfície do alvo; no fim do processo, foi formado um gás em expansão que “empurrou” a amostra. 

Como proteger a Terra de um asteroide

“Para uma queda de um nanômetro, podemos ignorar a gravidade da Terra por 20 milionésimos de segundo, enquanto a Z produz uma explosão de raios X que varre a superfície do asteroide simulado com 12,5 milímetros de diâmetro, aproximadamente a largura de um dedo”, acrescentou Moore.

Os 20 milionésimos de segundo foram suficientes para o equipamento sensível medir a força do impacto e da velocidade na amostra de sílica. Depois, os dados foram usados em um modelo que simulou como forças nucleares iriam agir em asteroides maiores. Eles descobriram que os asteroides “falsos” foram expostos à gravidade assim que seus suportes foram destruídos, mas caíram menos de 2 milionésimos de milímetro antes do experimento acabar.

A detonação de um asteroide com uma arma nuclear pode nos proteger (Imagem: Reprodução/urikyo33/Pixabay)

Os resultados podem ajudar a prever os efeitos dos raios X em um objeto maior no vácuo do espaço. Segundo a equipe, a estratégia da explosão nuclear deve funcionar em asteroides com até 5 km de diâmetro, mas talvez sirva também para objetos maiores. “Se houver tempo de alerta suficiente, certamente poderia desviar asteroides maiores”, acrescentou Moore. 

Claro, asteroides são feitos de muitos outros minerais além da sílica e podem ter também compostos voláteis — estas são apenas algumas das variáveis que precisam ser consideradas antes de lançarmos uma bomba no espaço. “Para muitas pessoas, o perigo dos asteroides parece remoto. Mas não queremos esperar que um grande asteroide apareça para aí procurar o método certo para desviá-lo”, finalizou.  

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature Physics.

Leia mais matérias no ItechNews .