A Fiat Titano, primeira caminhonete média lançada pela montadora italiana do Grupo Stellantis no Brasil, chegou ao país com intenções ousadas, mirando nas três principais representantes do segmento: Chevrolet S10, Ford Ranger e, principalmente, Toyota Hilux, a líder em vendas.

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Após passar um tempo testando a caminhonete para o , a impressão que ficou é que, embora tenha um design atraente e alguns pontos positivos, a estratégia de trazer para o mercado um projeto antigo — ela é, basicamente, a Peugeot Landtrek, lançada em 2020, com outro nome —, não foi a mais acertada.

A Titano tem um bom conjunto mecânico, formado pelo motor 2.2 Turbo Diesel e pelo câmbio automático de 6 marchas, é espaçosa e tem (alguns) bons equipamentos de série, mas a dirigibilidade é seu ponto fraco. Exceto quando tem uma estrada de terra ou enlameada pela frente.


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Nessas condições adversas, comuns para quem procura uma caminhonete para o trabalho, especialmente no setor agro, a Titano se sente “em casa”. E é a vocação off-road que salva a picape média da Fiat do fiasco e justifica a aposta da marca no Brasil. Confira mais em nosso review detalhado.

Fiat Titano só se sente “em casa” quando está na terra (Imagem: Paulo Amaral/)

Prós

  • Design
  • Vocação off-road
  • Volume da caçamba
  • Espaço interno

Contras

  • Projeto
  • Dirigibilidade
  • Consumo
  • Preço

Conectividade e segurança

As surpresas, não tão boas, que a Fiat Titano oferece começam já no quesito conectividade e segurança. Como dissemos anteriormente, a picape média é um projeto antigo, que apenas recebeu um “banho de loja”, trocou de nome, de marca e, assim, voltou ao mercado.

Isso fica claro ao olhar para o quadro de instrumentos e o painel, de uma forma geral, da Titano. Ele não lembra em nada as demais caminhonetes da Fiat e tem, sem qualquer preconceito ou tom jocoso, um visual de carro chinês antigo (e é mesmo, já que o projeto da Peugeot Landtrek veio da Changan).

Quadro de instrumentos analógico e central multimídia “esquisita” jogam contra a Titano (Imagem: Paulo Amaral/)

O quadro de instrumentos mescla mostradores analógicos para o velocímetro e o conta-giros com uma pequena tela digital ao centro, que entrega as informações mais básicas. O visual ficou bem esquisito, com “jeitão” de ultrapassado.

A central multimídia de 10 polegadas também não é a mesma utilizada em outros modelos da marca italiana e parece ter sido encaixada ali só para constar. Para piorar, o espelhamento com Android Auto ou Apple CarPlay não é sem fio.

O que salva a lista de equipamentos da Titano são os itens voltados para a segurança. Ela tem 6 airbags (2 frontais, 2 laterais e 2 estilo cortina), controle de tração e de descida, câmera 180º, câmera para off-road, sensor de chuva e crepuscular, sensor de estacionamento traseiro, monitoramento de pressão dos pneus e luzes diurnas em LED.

Conforto e experiência de uso

A experiência de uso ao volante da Fiat Titano serviu para identificar claramente qual a proposta da picape média da marca italiana pertencente ao Grupo Stellantis. E ela não é tão parecida assim com o que oferecem rivais como Hilux, S10 e, principalmente, Ranger.

Enquanto as rivais, especialmente a S10 e a Ranger, vêm apostando cada vez mais em tecnologia, conforto e, principalmente, melhora na dirigibilidade, para tornar a picape um carro tão prazeroso de guiar quanto um SUV, a Fiat, aparentemente, esqueceu esse “detalhe” ao mandar a Titano ao mercado.

A caminhonete média só se deu bem quando resolvi esticar o test-drive para ruas e estradas de terra na região de Louveira. Lá, não vou negar, ela encontrou seu habitat natural e mostrou que está preparada para agradar ao público agro. 

Uso da tração 4×4 Low se mostrou ótimo em terrenos acidentados (Imagem: Paulo Amaral/)

Tenho que destacar, inclusive, o ótimo funcionamento da função 4×4 Low (reduzida) e o trabalho do assistente de descida, fundamentais para tirar o “piloto-repórter” de uma enrascada que poderia ter terminado com a picape atolada em um lamaçal.

No asfalto, porém, o comportamento dinâmico da Fiat Titano decepcionou. O projeto, como dissemos anteriormente, é dos chineses da Changan e, no caso da picape média, eles erraram feio a mão, pelo menos no que diz respeito à calibração da suspensão dianteira.

O motorista sente, e muito, todas as imperfeições das ruas e avenidas, independentemente da velocidade da picape. Isso faz com que uma até mesmo tarefas mais curtas, como levar o filho à escola ou comprar pães em uma padaria próxima, sejam desconfortáveis, já que as vibrações no volante e os solavancos exagerados são constantes.

Pelo que mostrou nos testes, Titano não foi feita para andar no asfalto (Imagem: Paulo Amaral/)

O desempenho do motor 2.2 Turbo Diesel de 180 cv de potência e 40,8 kgf/m de torque não é ruim, mas também não chega a impressionar. O consumo, porém, não chegou perto do aferido pelo Inmetro (9,2 km/l na estrada) e, comigo ao volante, fez médias de 8,1 km/l.

“A Fiat devia uma picape média ao mercado brasileiro, mas, ao optar por mexer pouco no projeto original da Titano, acabou entregando um produto abaixo da expectativa criada”

— Paulo Amaral

Design e acabamento

O ponto alto da Fiat Titano é, sem dúvida, o design. A picape média da Fiat, especialmente na versão Ranch e na cor vermelha, como a que testei para o , chama a atenção por onde passa, pois é robusta e marcante, até pela assinatura luminosa em LEDs, com os Dentes de Sabre herdados da Peugeot.

Por dentro, apesar de contar com alguns itens que não combinam com um projeto que deveria ser moderno, como o painel de instrumentos analógico e, pasmem, um acendedor de cigarros no console (hoje o espaço é utilizado por tomadas 12 V), a Titano também não desagrada.

Bonita por fora e por dentro, mas com muito plástico duro: essa é a Fiat Titano (Imagens: Paulo Amaral/)

O uso excessivo de plástico duro nos acabamentos é o ponto a ser corrigido, mas, no geral, o visual da cabine da caminhonete da marca italiana agrada e, por isso, merece mais elogios do que críticas.

Concorrentes

As principais concorrentes da Fiat Titano no mercado brasileiro são a Chevrolet S10, a Ford Ranger, a Volkswagen Amarok e a líder do segmento, Toyota Hilux.

Os preços  das rivais da caminhonete média da Stellantis são mais salgados, mas todas oferecem uma relação custo-benefício superior, tanto em termos de motorização quanto, principalmente, em dirigibilidade

A S10 tem versões a partir de R$ 247 mil, a Ranger básica custa os mesmos R$ 219,9 mil da Titano Endurance, a Amarok parte de R$ 235 mil e a Hilux abre seu portólio em R$ 227 mil.

Fiat Titano cobra caro pelo que oferece no comparativo com as rivais (Imagem: Paulo Amaral/)

“Os quase R$ 260 mil cobrados pela Titano em sua versão Ranch, topo de linha, parecem exagerados no comparativo com o que as principais rivais oferecem.”

— Paulo Amaral

Fiat Titano: Vale a pena?

No fim das contas, pagar R$ 259.990 pela versão topo de linha da Fiat Titano, a Ranch, não parece ser um negócio muito interessante, principalmente se o cliente estiver procurando por uma picape com “pegada de SUV”.

Agora, se o sentimento de “picapeiro raiz” falar mais alto, aquele que não se incomoda com a “cabritagem” da caminhonete no asfalto e visa colocar o carro para trabalhar duro, especialmente na terra, a Titano pode ser uma boa escolha, apesar do preço salgado.

Titano é picape “raiz” e deixa isso claro no uso diário (Imagem: Paulo Amaral/)

*A Fiat Titano Ranch avaliada neste review foi gentilmente cedida ao pela Stellantis South America.

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