Grandes buracos causados por explosões são encontrados, há pouco mais de 10 anos, em diferentes pontos do Ártico. Agora, o mistério das crateras explosivas da Sibéria parece ter chegado ao fim com uma nova teoria apresentada por cientistas da Universidade de Cambridge (Reino Unido). A “culpa” é do gás metano preso no permafrost, afetado pelas mudanças climáticas. 

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  • Porta do inferno | Cratera cresce em ritmo alarmante na Sibéria

De forma simples, o aquecimento médio das temperaturas do planeta acaba por aquecer e desestabilizar o solo congelado em regiões muito frias da Sibéria. Esse processo modifica a pressão nas camadas mais profundas do subsolo, o que libera o metano, um gás explosivo e poluente, em direção à superfície. 

Então, forma-se o cenário ideal para a ocorrência das crateras explosivas, como afirmam os autores no estudo recém-publicado na revista Geophysical Research Letters.


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Crateras explosivas da Sibéria

A cratera que se formou no permafrost Península Yamal, na Rússia, em 2014, é uma das mais antigas que se tem notícia. O buraco causado pela explosão de metano alcança 70 m de largura no seu ponto mais extenso. O problema já foi observado em penínsulas próximas, como a de Gyda. 

Estudo relaciona as crateras explosivas da Sibéria com as mudanças no solo causadas pelas mudanças climáticas e a liberação de gás metano do subsolo (Imagem: Morgado et al., 2024/Geophysical Research Letters)

Por muito tempo, a origem de tais buracos atraiu a atenção de diferentes grupos de pesquisa em todo o mundo. Foi investigada até a proximidade das crateras com possíveis reservatórios de gás natural ou com quedas de meteoros, mas as hipóteses foram descartadas por falta de evidências. 

Como as explosões ocorrem?

No estudo, os cientistas se concentraram especificamente nas crateras da Península Yamal, na Sibéria. Para entender, a primeira camada do solo é conhecida como “camada viva”, que congela e descongela dependendo da estação do ano. Em seguida, está o permafrost, com um aspecto que lembra a argila (denso). 

O permafrost permanece constantemente congelado e tem uma espessura que varia entre 180 a 300 m. Dentro dele, existem algumas camadas especiais, como as que contêm água tão salgada que permanece líquida em temperaturas abaixo de zero. São conhecidas como crypogegs, em inglês.

Após essas camadas de água salgada, existem outras com hidrato de metano, também conhecido como gelo combustível, formadas em áreas muito frias e com alta pressão. Manter o equilíbrio é fundamental para que as suas propriedades permaneçam as mesmas.

No entanto, com o derretimento de gelo na camada ativa, ela se expande e impacta todas as outras camadas do subsolo. Com o aumento da pressão, rachaduras se formam e atravessam essas camadas. Com o “alívio” das rachaduras, a pressão é reduzida. Assim, o metano acaba sendo liberado e ocorrem explosões físicas na superfície, originando as crateras explosivas da Sibéria.

Todo esse processo é muito lento e pode levar décadas para resultar em uma explosão, de fato. Segundo os autores, esse fato está de acordo com a linha do tempo do aquecimento climático, que se intensifica desde a década de 1980. Agora, os primeiros sinais de modificações profundas no solo começam a ser sentidos.

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