Documentos de uma ação judicial contra o TikTok nos EUA mostram que a rede social sabia que era viciante para jovens e crianças. A investigação foi realizada por advogados membros da advocacia geral do país e a autoria do processo é de 12 estados americanos — liderados pela Califórnia e Nova York. A ação afirma que o TikTok foi desenvolvido com a intenção de viciar jovens usuários.
O conteúdo do processo foi acessado pela Rádio Pública de Kentucky — um dos estados parte da ação. Segundo os autores, o TikTok intencionalmente manipula a liberação de dopamina em usuários jovens, se aproveitando do cérebro ainda em desenvolvimento e com baixa capacidade de autocontrole, para viciá-los.
Outros trechos apontam que as ferramentas de controle de tela são propositalmente ineficientes. Segundo a investigação, o sucesso desse recurso não é avaliado com base no tempo de tela reduzido, mas na percepção de confiança do público no TikTok.
Ação também aponta problemas em filtros
Outro trecho do documento indica que o TikTok também está ciente dos riscos que filtros causam em jovens. Os autores afirmam que a rede social sabia que esses filtros prejudicam a autoestima dos usuários, que passam a ter problemas de imagens por conta dos padrões de beleza mostrados nesses recursos.
Esse caso é similar (para não dizer igual) ao vazamento de pesquisas internas da Meta em 2021. Na época, o Wall Street Journal revelou que a empresa (ainda chamada de Facebook Inc.) sabia que o Instagram levava meninas adolescentes a se sentirem piores em relação ao seu corpo — 32% das usuárias nessa faixa etária, 14% em meninos.
Segundo a investigação contra o TikTok, o algoritmo da plataforma dá mais visibilidade para usuários mais bonitos (seguindo os padrões da empresa). Um relatório interno da rede social revela que funcionários detectaram um crescimento de “pessoas pouco atrativas nos feeds”, o que levou a uma alteração no algoritmo do TikTok.
Outros problemas causados em jovens pelo vício em TikTok estão perda de habilidades analíticas, compreensão de contexto, dificuldade em conversas mais profundas, falta de empatia e ansiedade. Além desses estão os clássicos problemas no sono e no desempenho escolar.
Vazamento mostra ponto em comum entre plataformas
Obviamente, o problema não é único do TikTok e do Instagram (e outras redes sociais da Meta). YouTube, X e qualquer outra rede social depende de um alto tráfego de usuários para se tornarem lucrativas.Por isso que essas empresas investem na criação de um algoritmo de recomendação preciso, capaz de prender o usuário por mais tempo.
O TikTok pode ser banido nos EUA (parte da disputa de poder entre o país e China), mas plataformas americanas seguem a mesma cartilha de viciar usuários com recomendações precisas.
Com informações: NPR, 9to5Mac e LPM
TikTok sabia que era viciante para crianças, revela vazamento