De Lisboa, Portugal — A startup Precision Neuroscience quer largar na frente no mercado das interfaces cérebro-computador (BCI) com uma solução menos invasiva e indicada para pessoas com condições neurológicas delicadas. Como resultado, a empresa já conseguiu fazer 26 implantes em pouco mais de três anos de fundação, conforme apontou a diretora comercial do projeto, Jayme Strauss, em palestra no Web Summit de Lisboa nesta quinta-feira (14).

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Como o chip funciona

A tecnologia da Precision usa uma técnica de implementação diferente de outras empresas do segmento, como é o caso da Neuralink, de Elon Musk. Os chips de eletrodos são inseridos no córtex cerebral, oferecendo menos riscos cirúrgicos e maior facilidade para reverter o processo.

O chip possui 1.024 eletrodos que, quando conectados ao cérebro, são capazes de registrar dados do cérebro, captar sinais, transmiti-los e estimular novos comandos. O implante tem largura de banda maior do que outros concorrentes e ajuda a interpretar uma quantidade ainda maior de informações.


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As concorrentes adotam técnicas mais invasivas nas quais o chip precisa penetrar o tecido cerebral saudável para ser inserido. Strauss explicou que um processo deste tipo envolve cirurgias mais delicadas e anestesias mais longas, o que pode trazer complicações para pacientes com lesões na medula espinhal, por exemplo. 

Tecnologia da Precision promete implantes menos invasivos (Imagem: Felipe Szatkowski/)

O método da Precision, segundo a executiva, permitiu que a empresa conduzisse um número expressivo de implantes em pouco tempo. “Conseguimos, em menos de 3 anos, implantar nosso dispositivo em 26 pacientes devido à forma como projetamos, não-penetrante e que reduz o risco da cirurgia”, explicou. Alguns dos testes passados inseriam os chips e os removiam após 15 minutos.

Para efeito de comparação, a Neuralink fez esses processos cirúrgicos com dois pacientes em nove anos de empresa, enquanto a Synchron. companhia do ramo com 12 anos de existência, já realizou oito implantes desde a sua fundação.

Mercado emergente

Strauss reforçou que essas tecnologias em breve podem sair dos estudos acadêmicos e chegar ao mercado graças a evoluções em 5G, Bluetooth e microfabricação. Por enquanto, a empresa apenas faz estudos clínicos com algumas instituições nos EUA.

A executiva ainda destacou um levantamento da consultoria Morgan Stanley que prevê um mercado de US$ 400 bilhões para os chips neurológicos nos EUA.

A Precision foca em casos de lesões na medula espinhal, derrame cerebral e Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), e estima 400 mil casos existentes e potencialmente compatíveis com um BCI no país norte-americano.

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Com colaboração de André Magalhães e Bruno De Blasi

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