O que sabemos do passado é a partir daquilo que resistiu ao tempo. Conhecida por ser o maior centro de conhecimento da Antiguidade, a Biblioteca de Alexandria não teve essa sorte ao ser queimada no ano de 48 a.C., durante a invasão do imperador romano Júlio César. Entretanto, existem conhecimentos antigos que foram preservados, como o Livro de Kells, escrito por monges nos anos 800 d.C. e que sobreviveu aos ataques vikings. A obra tem cerca de 1.200 anos.

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O consenso entre os historiadores é que a obra que resistiu aos vikings começou a ser escrita e, talvez, tenha sido concluída na ilha de Iona, na costa oeste da Escócia. Por lá, um mosteiro cristão foi fundado nos anos 560 e se manteve por alguns anos.

Os ataques vikings eram constantes no litoral, ainda mais na ilha isolada. Muitos monges já tinham sido mortos quando o livro que contém evangelhos do Novo Testamento, em latim, foi enviado para a cidade de Kells, na Irlanda. A maior parte da comunidade foi junto.


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Como foi feito o Livro de Kells?

Para os nascidos após a invenção da prensa móvel​​ pelo alemão Johannes Gutenberg por volta de 1450 e nunca mergulhou nos manuscritos feitos por monges, o Livro de Kells é uma verdadeira obra prima. 

Compostas por papel velino (feito de pele de bezerro), as 680 páginas foram escritas por pelo menos três monges diferentes, segundo especialistas, e são ricamente ornadas. As letras iniciais de cada página contêm uma série de símbolos, que misturam motivos celtas, lendas, animais e humanos.

Outro ponto que ganha destaque é a intensidade de algumas cores, já que guardam ainda parte do brilho após mais de mil anos. Isso levou os pesquisadores do Trinity College Dublin, na Irlanda, a analisar suas páginas a partir da técnica de Espectroscopia Micro-Raman, em laboratório.

Escrito por monges, livro de 1.200 anos sobreviveu aos vikings e guarda segredos na escrita (Imagem: Bioletti et al., 2018/Journal of Raman Spectroscopy)

Segundo os autores, os amarelos foram criados a partir de uma mistura de sulfeto de arsênico (veneno) e os vermelhos são derivados do chumbo (tóxico). Os roxos foram feitos com líquen, e a cor púrpura deve ter sido obtida com amônia. Os resultados foram detalhados no periódico Journal of Raman Spectroscopy

Livro que sobreviveu aos vikings

Como conta a história, os ataques vikings à ilha de Iona começaram nos anos 795 e perduraram por mais de uma década, o que deve ter levado os monges ao limite, enquanto escreviam e ilustravam o Livro de Kells. Em 806, um dos ataques mais selvagens causou a morte de 68 monges

Para se proteger, a comunidade se mudou para a cidade irlandesa de Kells, o que explica a origem do nome do livro e reacende o debate sobre onde a obra cristã foi concluída. Curiosamente, a nova região também foi atacada por vikings, mas o livro novamente escapou.

Hoje, o artefato está guardado no Trinity College Dublin e, mais recentemente, foi totalmente digitalizado para a consulta do público.

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