O maior iceberg do mundo — A23aencalhou nos baixios, ou águas rasas da ilha da Geórgia do Sul, território ultramarino britânico. Milhões de focas e pinguins vivem na ilha, e serão afetados tanto positiva quanto negativamente pelo incidente com o gigante de gelo.

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Com cerca de duas vezes o tamanho da cidade de São Paulo, a plataforma gelada ficou travada na posição onde encontra rochas rasas e deve quebrar na costa da ilha. Entre os afetados locais estão os pescadores, que terão de contornar o iceberg para trabalhar, e os pinguins-de-testa-amarela, que se alimentam na região.

Efeitos do iceberg no mar

Apesar de afetar o habitat dos pinguins negativamente, o iceberg não é de todo ruim para a vida local. Toneladas de nutrientes estão guardadas no gelo, que, à medida que derrete, os libera no mar, nutrindo formas de vida que “explodirão” no local, segundo pesquisas recentes.


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O iceberg A23a se aproximando da ilha britânica da Geórgia do Sul, no oceano Atlântico (Imagem: NASA Modis)
O iceberg A23a se aproximando da ilha britânica da Geórgia do Sul, no oceano Atlântico (Imagem: NASA Modis)

Um estudo de fevereiro, por exemplo, publicado na revista científica Climate of the Past, acompanhou o rastro de vida microscópica prosperando no trajeto do A23a. Para os navios, no entanto, pode haver perigo se o gelo se quebrar em icebergs menores, atrapalhando o fluxo naval e impedindo a chegada a campos de pesca.

O encalhe do iceberg é a última atualização de um trajeto de 40 anos desde que ele se desligou da Plataforma de Gelo Filchner-Ronne, em 1986. O A23a se moveu após 30 anos preso no leito marinho e ficou em um vórtex oceânico em dezembro passado, antes de se mover para o norte e acelerar em meados de fevereiro, chegando a viajar a 30 km por dia.

No último sábado (1), o iceberg de 300 metros de altura acertou a plataforma continental a cerca de 80 km da terra sul-georgiana, ficando preso. Assim como todos os icebergs, ele deve eventualmente derreter: da sua área original de 3.900 km², já sobra cerca de apenas 3.234 km², segundo estimativas.

A rota do iceberg desde 17 de janeiro de 2025, até encalhar na Geórgia do Sul no dia 1º de março (Imagem: Mapping & Geographic Information Centre/British Antarctic Survey)
A rota do iceberg desde 17 de janeiro de 2025, até encalhar na Geórgia do Sul no dia 1º de março (Imagem: Mapping & Geographic Information Centre/British Antarctic Survey)

Segundo Andrew Meijers, da Pesquisa Antártica Britânica, as marés deverão balançar o gelo para cima e para baixo, erodindo tanto as rochas quanto o gelo. Caso as águas congeladas abaixo da superfície estejam “podres”, isto é, comidas pelo sal, irão se desfazer e se mover em direção a áreas mais rasas.

No local de contato, vivem corais, lesmas-do-mar e esponjas, que estão tendo seu habitat terraplanado pelo iceberg. Para essas criaturas, o perigo imediato é mortal.

Além disso, o gelo libera água doce em meio ao sal, diminuindo a quantidade de seres como o krill, que alimenta os pinguins locais. Eles provavelmente terão de buscar outros campos para se alimentar, competindo com outras criaturas marinhas.

Segundo estudos, no entanto, o gelo antártico é importante para os ciclos de vida dos ecossistemas marinhos: alimentando o fitoplâncton e suportando inúmeros animais, como a baleia-azul, os nutrientes do gelo são parte dos processos naturais. Há de se cuidar, no entanto, pela instabilidade que o excesso de nutrientes pode causar com as mudanças climáticas e o derretimento de gelo demais nos mares antárticos.

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