Em um estudo publicado na edição de março da revista iScience, pesquisadores investigaram uma das questões mais intrigantes da percepção humana: as pessoas enxergam as mesmas cores? Embora essa pergunta tenha sido considerada por muito tempo impossível de responder, o novo estudo encontrou evidências de que, pelo menos entre pessoas neurotípicas, a percepção das cores parece ser estruturalmente equivalente.

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A pesquisa utilizou um método chamado “alinhamento não supervisionado” para comparar as estruturas subjetivas de similaridade de cores entre os participantes.

No experimento, 426 pessoas neurotípicas e 257 daltônicas avaliaram a similaridade entre 93 cores diferentes. A partir dessas avaliações, os cientistas analisaram como as cores eram organizadas no espaço perceptivo de cada grupo.


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Os resultados mostraram que as estruturas de similaridade de cores dos participantes neurotípicos puderam ser alinhadas de forma consistente. Isso significa que, mesmo sem pressupor que “vermelho é vermelho” para todos, a maneira como as cores são percebidas e relacionadas entre si dentro desse grupo foi altamente semelhante.

Por outro lado, os pesquisadores não conseguiram alinhar da mesma forma as estruturas de cores entre os participantes neurotípicos e os daltônicos, sugerindo que a percepção das cores difere significativamente entre esses grupos.

As pessoas enxergam as mesmas cores?

Embora o estudo não possa afirmar com certeza que a cor vermelha é idêntica para todas as pessoas, ele fornece evidências de que a estrutura subjacente da percepção cromática é compartilhada dentro de um mesmo grupo. Isso torna menos provável que uma pessoa neurotípica veja o vermelho como azul ou verde, por exemplo.

Por outro lado, as diferenças na percepção entre pessoas neurotípicas e daltônicas reforçam a ideia de que a forma como experimentamos as cores é influenciada por fatores biológicos, como os tipos de cones presentes na retina.

Estudo procura entender se as pessoas enxergam as mesmas cores (Imagem: Markus Spiske/Unsplash)

A pesquisa publicada na iScience tem implicações que vão além da percepção das cores. O método utilizado pode ser aplicado a outros aspectos da experiência sensorial, ajudando a entender como diferentes pessoas percebem sons, sabores e até mesmo emoções. Essa abordagem estrutural é um avanço significativo no estudo da consciência e da percepção subjetiva.

Como o cérebro processa as cores?

Anteriormente, especialistas comentaram em entrevista ao que o processamento de cores acontece inicialmente pelas informações elétricas que recebe da retina, que tem receptores para cada onda de cor, e são três tipos fundamentais desses receptores: amarelo, azul e vermelho, também consideradas cores primárias, ou seja, geram todas as outras cores conhecidas.

Para cada uma dessas cores há uma célula que tem um receptor do comprimento específico da onda, que transforma os estímulos luminosos em estímulos elétricos.

Em seguida, os estímulos são transmitidos através dos nervos ópticos, que ficam atrás do globo ocular, até o lobo occipital, a região posterior do cérebro. Os impulsos elétricos são recebidos junto a estímulos luminosos e esse estímulo gera o contraste e o delineamento dos objetos, preenchendo os contornos com as cores.

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