O Euro NCAP, programa europeu voluntário de avaliação da segurança de carros, só dará cinco estrelas em seus testes para carros que tiverem botões físicos para alguns recursos básicos, como setas, pisca-alerta, limpadores de para-brisas e buzina. Os novos critérios começam a valer em 2026.
“O uso excessivo de touchscreens é um problema de todo o setor, com praticamente todos os carros colocando controles essenciais nas telas centrais”, diz Matthew Avery, diretor de desenvolvimento estratégico da Euro NCAP. Ele considera que isso obriga motoristas a tirar os olhos da estrada, aumentado o risco de acidentes.
Os procedimentos de avaliação dos controles ainda não foram definidos, mas deverão ser finalizados até 2026, quando o órgão pretende adotar este critério. “As fabricantes de veículos estão cientes e apoiam esta iniciativa”, informa Avery.
O Euro NCAP não é um órgão governamental, nem tem poder para exigir que as mudanças sejam feitas. Mesmo assim, obter cinco estrelas no teste é visto como um sinal de prestígio. Como nota o Verge, empresas como Tesla, Volvo, Volkswagen e BMW usam estas notas no marketing. Portanto, novas regras serão provavelmente levadas em consideração em modelos futuros.
Telas de carros estão sendo alvo de críticas
As novas normas da Euro NCAP vêm após anos de reclamações sobre as touchscreens no painel dos veículos.
Uma pesquisa da JD Power, realizada com motoristas dos Estados Unidos, revelou que a parcela dos que preferem usar sistemas nativos dos carros para tarefas como tocar músicas, fazer ligações ou obter direções em mapas caiu de 70%, em 2020, para 56%, em 2023.
A segurança também é uma questão. Um teste feito pela revista sueca Vi Bilägare comparou 11 carros de 2022 a um Volvo V70 de 2005. Motoristas precisavam executar tarefas como mudar a temperatura, trocar de estação de rádio e ligar o aquecimento dos bancos, tudo isso dirigindo a uma velocidade de 110 km/h.
O Volvo V70 foi o vencedor, com larga vantagem. Nele, quem estava na direção conseguia fazer as alterações em 10 segundos, percorrendo 306 metros.
Na maioria dos outros modelos, isso levava mais que o dobro do tempo. Isso significa que, na velocidade em que o teste foi executado, os condutores dirigiam 300 e 1.000 metros a mais sem estar com a atenção totalmente direcionada à pista.
Com informações: The Verge, Ars Technica
Apenas carros com botões físicos receberão nota máxima em teste de segurança