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A Apple ganhou mais uns dias para se defender da acusação de privacy washing feita pela Meta. O processo aberto no Cade pela empresa de Zuckerberg no fim de janeiro acusa a Apple de usar o discurso de defesa da privacidade para prejudicar concorrentes. A big tech do iPhone deverá enviar sua defesa para o órgão até o dia 28 de fevereiro.
Qual é a acusação da Meta contra a Apple?
A Meta acusa a Apple de exigir que aplicativos de terceiro perguntem aos usuários se suas atividades podem ser rastreadas. Contudo, a Meta afirma que apps da Apple não são obrigados a pedir a autorizações de usuários.
Assim os aplicativos concorrentes perdem acesso a dados para criar anúncios mais direcionados aos públicos, mas a Apple não. Para a Meta, a prática é uma atitude de concorrência desleal da criadora dos iPhones.

Os anúncios são a principal fonte de receita dos apps. Essa mudança na política de uso do iOS afetou não só a Meta, como já confirmou seu CEO Mark Zuckerberg, mas também o Google.
O primeiro prazo do Cade para a resposta da Apple encerrava na segunda-feira (24), mas o órgão atendeu a extensão do tempo de defesa. A big tech citou que não teve acesso ao processo em tempo hábil, o que prejudicaria o envio de uma resposta adequada.
Mais empresas criticam a Apple — mas por outros motivos

Nesta quarta-feira (19), o Cade realizou uma audiência pública com empresas e grupos de defesa de direitos digitais. O Tinder, algumas fintechs e a Epic Games criticaram a famosa cobrança de comissão de 30% sobre as vendas na App Store.
A Apple também está respondendo a um processo aberto pelo Mercado Livre. O marketplace pede que a big tech permita o sideloading no iOS e serviços de pagamentos fora da App Store.
O que é privacy washing?
Privacy washing, em tradução direta, é lavagem de privacidade, mas seu significado envolve usar um discurso com forte apelo público para “lavar” a imagem de uma empresa, serviço, país ou pessoa.
O termo “washing” é usado em outras práticas de lavagem de reputação, como greenwashing (ligado à falsa defesa da sustentabilidade) e pinkwashing (falso interesse na causa LGBT). Talvez o termo mais famoso seja o sportwashing, que envolve o investimento em esportes para promover uma imagem positiva.
Os casos mais famosos dessa prática são os enormes investimentos de ditaduras árabes em diferentes esportes (F1, tênis, futebol, basquete, golfe, entre outros). A Rússia também foi acusada dessa prática pelos investimentos na F1, Olimpíadas de Inverno e como sede da Copa do Mundo de 2018 — a escolha foi feita em 2010, anos antes da invasão à Crimeia, mas já se contestavam as violações de direitos humanos e governo Putin na época.
Com informações de O Globo (1 e 2)
Apple é acusada de ‘privacy washing’ pela Meta e deve se defender no Cade