A Xiaomi continua sendo a única grande fabricante de celular Android que não se posicionou a respeito da implementação dos novos mecanismos de identificação e validação de chamadas, que devem ajudar na redução das ligações abusivas e dos golpes no Brasil. Nós estamos tentando contato com a gigante chinesa desde 15 de abril, mas até agora não tivemos uma resposta.
A companhia está agindo de maneira distinta do que fizeram rivais no campo do Android. A Motorola foi pioneira ao revelar que smartphones dobráveis da linha Razr seriam os primeiros a receber a tecnologia. Uma semana depois, a Samsung confirmou que também terá novo identificador de chamadas ainda em 2024.
Ainda assim, o Tecnoblog apurou que a Xiaomi está se movimentando para liberar a novidade para os seus consumidores – conforme detalharemos a seguir.
O que são os protocolos Stir/Shaken e RCD?
Primeiro de tudo, faz-se necessário entender quais são os novos protocolos que estão em testes no setor de telecomunicações, sob comando da Anatel. Em resumo:
- Stir/Shaken: confirma que o número telefonando para o seu número realmente originou aquela chamada, numa tentativa de coibir golpes com uso da tática de spoofing, que falsifica uma ligação.
- RCD: o Rich Call Data prevê que a chamada telefônica carregue outras informações, tais como o nome do chamador, a marca (como se fosse um perfil verificado de rede social) e o motivo da ligação.
O projeto do órgão regulador está em fase experimental, crescendo de forma gradual, conforme aumenta o número de participantes. Para que funcione perfeitamente, empresas de telefonia (não necessariamente operadoras), os brokers de dados, as fabricantes de smartphones e as desenvolvedoras de sistema precisam estar afinados.
As informações para abastecimento do RCD ficarão concentradas numa base de dados operada pelo setor de telefonia, por meio da Associação Brasileira de Recursos em Telecomunicações, também chamada de ABR Telecom.
Cadê a Xiaomi nesta história?
A Xiaomi ainda não se pronunciou sobre os planos de adoção do Stir/Shaken e do RCD no mercado brasileiro. Nós descobrimos que a empresa tem participado de conversas com os responsáveis pelo projeto, mas não assumiu um compromisso mais robusto.
A ideia da fabricante é deixar que o Google desenvolva as funcionalidades e as implemente diretamente no Android. Assim, a Xiaomi poderia usar o discador nativo do sistema e não precisaria realizar a pesquisa e desenvolvimento em solo brasileiro. O app de Telefone do Google seria integrado tanto aos celulares Xiaomi com MIUI quanto aqueles com interface HyperOS, a mais moderna da empresa.
Nós ainda não temos clareza sobre a forma como a Xiaomi faria a transição do app discador próprio (o mesmo usado para receber chamadas) pelo app nativo do Android. Por serem informações preliminares, também pode ser que a empresa modifique seus planos mais para frente.
Ficaremos de olho e continuaremos em busca de resposta – tal qual temos feito com a Apple, que também não se pronunciou.
Entrada da Xiaomi no combate às ligações abusivas ainda é um mistério