A Starlink quer ampliar sua capacidade no Brasil. A operadora de internet do Elon Musk solicitou à Anatel o direito de exploração de mais 7,5 mil satélites de baixa órbita no país. Caso a agência dê o aval, a companhia irá mais do que dobrar a quantidade de artefatos licenciados.
Os 7,5 mil novos equipamentos correspondem à 2ª geração de satélites da Starlink. A companhia de internet, que pertence à SpaceX, já conseguiu aval para ampliação nos Estados Unidos com essa mesma quantidade — originalmente, a empresa havia solicitado licença para 29,9 mil satélites.
Para conceder a licença, a Anatel promove uma consulta pública, uma vez que os equipamentos da Starlink poderiam causar interferências em serviços de outras empresas e que o grande volume de artefatos poderia dificultar ou inviabilizar a implementação de novas redes.
Os novos satélites da Starlink operam nas bandas Ka, Ku e E, com os seguintes intervalos de frequência: 10,7 GHz a 12,7 GHz (descida), 14 GHz a 14,5 GHz (subida), 27,5 GHz a 28,6 GHz (descida), 28,8 GHz a 30 GHz (subida), 71 GHz a 76 GHz (descida) e 81 GHz a 86 GHz (subida).
Atualmente, a Starlink tem licença para operar com 4,4 mil satélites no Brasil nas bandas Ka e Ku. A companhia de Musk recebeu o direito de exploração da Anatel em janeiro de 2022, com validade até março de 2027.
Na consulta pública, a Anatel também solicita comentários da sociedade sobre possíveis limites e condições para exploração de satélites para promover a competição por diferentes agentes econômicos, bem como medidas para fomentar a sustentabilidade espacial a longo prazo.
Cientistas apontam que constelações de satélite como a da Starlink podem ser prejudiciais à camada de ozônio. Um estudo realizado por pesquisadores da Califórnia alerta para os efeitos do descarte dos artefatos, que se direcionam para a atmosfera da Terra após o término da vida útil.
Starlink é a maior operadora de satélite do Brasil
Em maio deste ano, a Starlink se tornou a líder em clientes de internet via satélite no Brasil. A companhia alcançou a marca de 162 mil contratos, com alta de 38 mil acessos em um único mês.
Em forte crescimento, o provedor de internet da SpaceX ultrapassou concorrentes como HughesNet e Viasat, que possuem 195,2 mil e 32,3 mil clientes, respectivamente. O sucesso da Starlink é compreensível, visto que é a única companhia que vende banda larga via satélite sem franquia de uso.
Os clientes da Starlink precisam desembolsar a mensalidade de R$ 184 mais impostos, que variam conforme o estado, mas o total fica em torno de R$ 250 mensais. Além disso, é necessário comprar o kit com antena e roteador, que custa R$ 2 mil — embora seja comum ter promoções com 50% de desconto nos equipamentos.
Ainda que seja o maior provedor de internet via satélite, a Starlink está longe de alcançar as demais tecnologias. Ao todo, o Brasil tem 49,7 milhões de acessos de banda larga, dos quais 75,5% utilizam tecnologia de fibra óptica. Os contratos via satélite de todas as companhias representam apenas 0,9% de todas as conexões.
De qualquer forma, o reinado da Starlink pode estar em risco, uma vez que a Amazon também deve se aventurar no mercado brasileiro de internet via satélites de baixa órbita. A concorrente firmou uma parceria comercial com a Sky, e planeja oferecer banda larga com velocidades de 400 Mb/s até o final de 2025.
Starlink solicita licença para utilizar 7,5 mil novos satélites no Brasil