De acordo com medições realizadas pelo observatório europeu Copernicus, o ano de 2024 pode ser o primeiro ano completo a bater a marca de aquecimento acima de 1,5°C.

O monitoramento, feito pelo Serviço de Mudança Climática do Copernicus, demonstra que o mês de outubro de 2024 ficou 1,65°C acima do nível pré-industrial. Os dados foram divulgados durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP29, que está acontecendo no Azerbaijão.

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Pode parecer pouco, mas esta é a temperatura estipulada como limite no Acordo de Paris, um tratado internacional adotado em 2015 para mitigar os impactos das mudanças climáticas.


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No entanto, a Organização Mundial da Saúde destaca que o período de 12 meses com temperaturas elevadas mais de 1,5 °C não significa que a meta estabelecida em Paris foi ultrapassada de maneira permanente.

Isso se deve principalmente a outros eventos climáticos, como El Niño, fenômeno climático responsável pelo aquecimento anormal das águas do Pacífico Sul, e La Niña, responsável, por sua vez, pelo resfriamento anormal das águas no mesmo local do oceano. 

Por outro lado, há cientistas que argumentam que esse parâmetro já foi ultrapassado. Um deles é o geoquímico Malcolm McCulloch, da University of Western Australia, responsável por uma pesquisa com esponjas do mar.

Aquecimento global teria começado em 1860

Publicado no início deste ano, o estudo se valeu desse tipo de porífero como um “termômetro natural” já que, por crescerem muito lentamente, a suposição é de que existam esponjas com 5000 anos.

A idade foi, então, calculada com base no tamanho de alguns espécimes, já que seu tamanho aumenta cerca de 0,2 milímetros por ano. Isso possibilitou avaliar o impacto do aquecimento global em camadas mais profundas do mar. 

Localizadas a 60 metros de profundidade no mar do Caribe, a região fornece uma melhor indicação das temperaturas médias gerais, uma vez que é menos influenciada por flutuações naturais (como o El Niño) do que outras regiões oceânicas.

Ao coletarem uma dúzia de esponjas da espécie Ceratoporella nicholsoni, com algo entorno de 300 e 400 anos, eles conseguiram estimar a temperatura no ano de 1700.

O resultado demonstrou que a influência humana no clima começou já na década de 1860, várias décadas antes do que se pensava.

“Fazendo a correção [dos valores] para o aquecimento global de início precoce, já ultrapassamos o limite do Acordo de Paris de 2015 […] e estamos a caminho de exceder 2°C de aquecimento até o final da década de 2020”, afirmou, na época da divulgação do estudo, em comunicado à imprensa o cientista climático da Australian National University, Georgy Falster. Ele não esteve envolvido no estudo.

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