Você sabia que, além das plantas, há animais que fazem fotossíntese? É o caso da ovelha-folha, também chamada de ovelha-do-mar, um curioso tipo de lesma marinha hermafrodita que parece ter chifres, ostenta olhos próximos e escuros e pasta tranquilamente sob as águas asiáticas.

O nome científico da criatura é Costasiella kuroshimae, homenageando o local de seu achado. As ovelhas-folha são bem pequenas, medindo até 8 milímetros na vida adulta, e passam a vida toda sobre algas Avrainellea, das quais se alimentam. As características dessa pequena lesma-do-mar são bastante curiosas — vamos a elas?

Elas não fazem fotossíntese “de nascença”

As ovelhas-folha são animais capazes de fazer fotossíntese, mas, na verdade, isso é um processo biológico “terceirizado”, digamos assim. Sua eficaz camuflagem, com apêndices no formato de folhas, chamadas cerata (ceras, no singular), faz parte disso. Elas comem as algas onde vivem, conseguindo energia, mas com uma peculiaridade: o animal é capaz de impedir a digestão dos cloroplastos.


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As pequeninas ovelhas-folha sobre uma alga marinha, onde vivem e se alimentam por toda a vida, que dura entre seis meses e um ano (Imagem: prilfish/CC-BY SA-2.0)
As pequeninas ovelhas-folha sobre uma alga marinha, onde vivem e se alimentam por toda a vida, que dura entre seis meses e um ano (Imagem: prilfish/CC-BY SA-2.0)

Os cloroplastos são as organelas responsáveis pela fotossíntese — como os pequenos bichos os mantém no corpo, eles vão até as ceratas, onde realizam o processo biológico e lhe garantem açúcares, guardando energia extra. O verde do seu corpo vem, inclusive, dos cloroplastos. As ceratas também são responsáveis pela sua respiração.

Habilidade familiar

As ovelhas-folha não são os únicos animais capazes de fazer fotossíntese. Algumas criaturas do grupo Sacoglossa, do qual fazem parte, também conseguem ingerir tecido vegetal e deixar os cloroplastos em paz para fazer o processo em seus corpos: isso é chamado de cleptoplastia. Um de seus parentes fotossintéticos é a lebre-do-mar (Elysia chlorotica).

Descoberta recente

As ovelhas-folha só figuraram nos registros da ciência em 1993 — elas foram vistas primeiro no Japão, na ilha de Kuroshima, passando a ter outros avistamentos — Filipinas, Cingapura, Tailândia, Malásia, Indonésia, Papua Nova-Guiné, Ilhas Salomão e Timor Leste. Elas são, por conta disso, asiáticas.

Os cloroplastos ficam nas ceratas das ovelhas-folha por cerca de 10 dias, ajudando a nutrir o animalzinho com açúcar extra (Imagem: alif_abdulrahman/CC BY-SA 2.0)
Os cloroplastos ficam nas ceratas das ovelhas-folha por cerca de 10 dias, ajudando a nutrir o animalzinho com açúcar extra (Imagem: alif_abdulrahman/CC BY-SA 2.0)

A espécie não é considerada ameaçada, mas o aquecimento global e algumas atividades pesqueiras predatórias podem ameaçar seu habitat, como é o caso com a maioria das espécies marinhas conhecidas.

Visitando as ovelhas-folha

Gostaria de visitar os curiosos animaizinhos? Há algumas boas notícias. Por conta da fotossíntese, eles ficam entre nove e 18 metros de profundidade, onde o sol ainda consegue chegar. Um dos problemas possíveis, no entanto, é o seu tamanho: como são milimétricas, normalmente são necessários guias para identificar sua localização.

É importante, também, cuidar para que, durante o mergulho, você não acerte corais ou outras criaturas, sob o risco de destruir o habitat dos animaizinhos. Também é de bom tom recolher qualquer lixo ou restos deixados no local — melhor, como visitante, deixar a casa como você encontrou.

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