2024 foi um ano especialmente importante para as GovTechs brasileiras, aconteceu o Startup20 no Brasil. O grupo de engajamento do G20, criado um ano antes, evidenciou que o poder público está olhando para a inovação como oportunidade de negócio, e as startups precisam estar atentas às oportunidades que ainda vão surgir no setor.

O movimento é visível: o número de GovTechs, startups que nasceram para suprir demandas de governos das mais variadas instâncias, aumentou cerca de 6 vezes de 2020 para 2024. Segundo o Mapa GovTech, realizado pelo BrazilLAB, o Brasil conta hoje com mais de 470 startups e PMEs oferecendo soluções para desafios do setor público.

As soluções mais buscadas pelos governos atualmente estão ligadas principalmente, às áreas da saúde, educação, segurança, e gestão pública, sobretudo quando vinculadas  às ferramentas que automatizam processos burocráticos, aumentam a eficiência e transparência das gestões governamentais, ou auxiliam na proteção de dados da população. Para além dos números positivos, o movimento que estamos presenciando também indica que o setor seguirá em amplo crescimento, e veremos cada vez mais startups de outros nichos ofertando seus produtos e serviços para o poder público.


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Um exemplo claro dessa mudança é a digitalização de serviços públicos. Startups como a Gove e a Bright Cities oferecem soluções para otimizar a arrecadação tributária e melhorar a alocação de recursos municipais. Isso significa menos desperdício de dinheiro público e uma gestão mais eficiente, beneficiando diretamente a população.

Ainda em 2024, o Sebrae For Startups, com apoio da Abstartups, realizou um estudo que permitiu visualizar com maior precisão os principais desafios e oportunidades desta nova onda de integração entre governos e startups. A burocracia é, sem dúvida, o principal obstáculo. Citados como empecilho para 58,5 % dos entrevistados, os processos de contratação pública são complexos e demorados, o que pode ser um problema para startups, que geralmente possuem estruturas mais enxutas e necessitam de agilidade para crescer.

Outro problema recorrente é a falta de cultura de fomento à inovação em muitas entidades públicas. Nem todas as prefeituras possuem iniciativas para atrair startups, e a transformação digital ainda não é uma prioridade para muitos gestores. Além disso, o impacto político das soluções pode influenciar a decisão, projetos que não trazem visibilidade imediata podem ser deixados de lado pelos gestores atuais.

Os empreendedores que pretendem aceitar esses desafios do poder público precisam estar preparados; times enxutos ou sem experiência anterior com negociações com o governo podem não trazer o resultado esperado. Contudo, a solução pode ser mais simples do que parece: muitas startups estão recorrendo a advogados e consultores especializados em contratações públicas, o que pode fazer a diferença na adequação de soluções às exigências legais. Além disso, apostar em alianças com universidades, instituições de fomento e outras startups podem ajudar a acelerar a entrada no mercado.

E a expectativa é que os frutos de um investimento correto no setor sejam extremamente lucrativos. Isso porque as demandas públicas são muito similares. Se uma startup conseguir solucionar problemas de um município, por exemplo, o caminho para outras gestões será mais fácil.  Os contratos também costumam ser vantajosos, pelo normalmente mais alto valor de negociação e por serem contratos longos, o que pode aumentar a previsibilidade do fluxo de caixa das startups.

O ponto central é que a transformação digital no setor público não é apenas uma questão de modernização – é uma urgência. Governos resistentes a essa mudança correm o risco de se tornarem ainda mais ineficientes e distantes da realidade dos cidadãos. O futuro da administração pública passa, inevitavelmente, pela tecnologia, e as startups são protagonistas nessa revolução.

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