O filme A Substância, estrelado por Demi Moore, foi inscrito para concorrer aos prêmios do Globo de Ouro 2025 como uma comédia, decisão que levantou discussões sobre a natureza do filme. A obra, que mescla terror, body horror e ficção científica, é uma crítica social que explora temas como o culto à juventude e o etarismo em Hollywood. Com uma abordagem intensa, o longa traz elementos de humor ácido, mas está longe de ser uma comédia tradicional, levando a diferentes interpretações sobre a melhor classificação do filme.

A produção acompanha uma atriz veterana, interpretada por Moore, que recorre a uma substância ilegal na tentativa de se tornar uma versão mais jovem e atraente de si mesma, enfrentando as consequências de sua busca por permanecer relevante na indústria.

Enquanto a trama explora os efeitos físicos da substância, o filme é permeado por uma crítica ao culto da juventude e à pressão estética. O longa aborda de forma visual e crua as consequências da insatisfação com a aparência e o envelhecimento, características comuns do gênero de horror corporal.


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Estratégia para premiação

Por outro lado, a narrativa também assume tons de sátira social ao questionar o tratamento de figuras femininas envelhecidas na indústria do entretenimento. Ao retratar exageradamente os extremos aos quais a protagonista recorre para manter seu status, a obra pode ser lida como uma crítica a padrões de beleza inatingíveis e ao etarismo.

Essa mistura de tons torna a classificação do filme desafiadora, e a escolha de inscrevê-lo na categoria de comédia e não de drama reflete uma estratégia possivelmente voltada para aumentar suas chances de reconhecimento na premiação — tanto para o filme quanto para a atriz Demi Moore.

Cena de A Substância com a personagem de Demi Moore se analisando no espelho
Demi Moore vai tentar uma vaga como Melhor Atriz em Filme de Comédia pelo seu trabalho em A Substância (Imagem: Divulgação/Mubi)

Na categoria de drama, Moore enfrentaria concorrentes experientes e estabelecidas, como Angelina Jolie (Maria), Nicole Kidman (Babygirl) e Tilda Swinton (O Quarto ao Lado). Já na categoria de comédia, a disputa inclui atrizes como Amy Adams (Nightbitch), Zendaya (Rivais) e Karla Sofía Gascón (Emilia Pérez), as mais cotadas no momento.

Optar por uma classificação em comédia ou musical pode ser uma estratégia de destaque em uma competição acirrada, onde o gênero comédia apresenta, em geral, menos títulos do que a categoria de drama.

No entanto, a Associação da Imprensa Estrangeira em Hollywood (HFPA), responsável pela organização dos Globos de Ouro, tem o poder de revisar e alterar a categoria escolhida pelos produtores, conforme julgar mais apropriado para o tom e conteúdo do filme

Histórico nos Globos de Ouro

Essa prática de inscrever filmes de gêneros híbridos na categoria de comédia não é nova e já gerou controvérsia em outras ocasiões. Em 2018, Corra!, filme de terror e crítica social dirigido por Jordan Peele, concorreu na categoria de comédia do Globo de Ouro, embora sua trama abordasse temas intensos como racismo e violência.

De forma similar, Perdido em Marte, estrelado por Matt Damon, venceu o Globo de Ouro de Melhor Filme em Comédia ou Musical em 2016, o que gerou críticas e discussões sobre a adequação de sua inscrição, já que o longa tinha uma abordagem predominantemente dramática e voltada para a ficção científica.

A Substância está atualmente em exibição nos cinemas brasileiros.

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