A incapacitação causada pela enxaqueca custa R$ 67,6 bilhões anualmente, sendo uma das doenças que mais gera custos em termos de saúde e perda de produtividade. É o que diz uma pesquisa realizada por brasileiros e publicada em 2020.
Em toda a América Latina o cenário é similar: 24,7% dos pacientes com migrânea (termo médico para a doença) tem indicação de tratamento preventivo, mas apenas 2,6% são tratados. Os dados são de uma pesquisa também desenvolvida por brasileiros, em 2011, baseada em entrevistas feitas com 3.848 pessoas de 27 estados brasileiros.
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Em entrevista ao , o neurologista especialista em cefaleia Gabriel Kuboto, coordenador do centro de dor do departamento de neurologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, esclareceu as principais dúvidas sobre o assunto.
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Segundo o médico, dor de cabeça é apenas um dos sintomas da enxaqueca, que é uma doença por si só. Entre os principais incômodos que ela provoca estão: intolerância ou incômodo com luz, sons e cheiros; náusea, vômito, e, durante as crises, maior sensibilidade a movimentos bruscos.
Quem sofre com o quadro são, majoritariamente, as mulheres, em uma proporção de uma em cada seis. O problema normalmente surge cerca de um ano antes ou depois da primeira menstruação, tendendo a se manifestar, em geral, entre a segunda e terceira década de vida.
Apesar da grande quantidade de pacientes que enfrentam o problema, ainda não existe uma cura definitiva, até porque grande parte do risco de se ter enxaqueca tem a ver com a genética. Entre 30 e 60% do risco de desenvolver a doença está ligado a esse fator.
“A gente entende bastante de alguns aspectos da enxaqueca, assim como outras doenças, mas ainda não temos o quebra-cabeça todo montado“, afirma Kuboto, que também é secretário do Departamento Cientifico de Dor da Academia Brasileira de Neurologia.
Como tratar?
O neurologista diz também que o melhor modo de tratar é, na verdade, controlando a doença. “Isso não significa que o paciente nunca vá ter crise, mas que essas crises vão ser espaçadas, de curta duração e que não interfiram na qualidade de vida da pessoa”, completa.
No entanto, prevenir as crises envolve três pilares:
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mudança de estilo de vida: o risco de a doença piorar ao longo da vida pode ter a ver com fatores de riscos modificáveis, como sedentarismo, obesidade e distúrbios de sono, bem como transtornos psiquiátricos, ansiedade e depressão, exigindo tratamento paralelo;
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tratamento da crise: feito com medicações, visa diminuir a duração da crise e os sintomas associados a ela;
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tratamento profilático: também feito com medicações, mas com o objetivo preventivo, fazendo com as crises sejam mais curtas, mais espaçadas e que o paciente se sinta seguro para cumprir seus compromissos cotidiano.
Caso as crises sejam muito frequentes, a tendência é piorar e se tornarem ainda mais recorrentes. A Sociedade Brasileira de Cefaleia cunhou o lema “três é demais” para as pessoas identificarem que, caso houver pelo menos três episódios de dor de cabeça por mês, já vale discutir a necessidade de tratamento específico.
“A partir de seis dias tem indicação mesmo. Entre três e seis é preciso avaliar o caso e conversar com o paciente”, finaliza Kuboto.
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