Não é de hoje que o Sistema de Circulação Meridional do Oceano Atlântico (AMOC, na sigla em inglês) figura nas manchetes, já que esse fenômeno oceânico é muito influente no planeta, especialmente no clima. Há uma grande circulação termohalina, ou seja, que está ligada à temperatura e salinidade, que viaja por todo o planeta.
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E embora a ciência já estivesse notando mudanças preocupantes na AMOC, uma pesquisa recente, publicada no periódico científico Nature Geoscience por cientistas da Universidade de South Wales, notou efeitos mais sérios nesse sistema de circulação oceânica, e, por sua vez, resultados mais preocupantes à vida na Terra.
Correntes oceânicas e o clima
A AMOC começa no Golfo do México, onde um cinturão de água leva o líquido quente e salgado para o norte, cortando a costa dos Estados Unidos pelo Atlântico e chegando à Europa. Lá, ela é resfriada, ficando mais densa, e mergulha até as profundezas. Isso leva água quente para cima, substituindo a que chegou, formando um ciclo que redistribui o calor no planeta.
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A importância dessa regulação climática é muito grande, já que mantém os padrões do clima estáveis, sendo eles importantíssimos para a agricultura, o ecossistema e a vida humana. Mas a AMOC está, atualmente, mais fraca do que esteve nos últimos mil anos, segundo a pesquisa.
O achado surgiu graças à integração da água do derretimento das geleiras da Groenlândia e do Canadá nas pesquisas. A circulação atlântica pode ficar ⅓ mais fraca do que era há 70 anos caso cheguemos a 2 ºC de aquecimento em relação aos níveis pré-industriais.
Já estamos em 1,5 ºC de aquecimento, e o Ártico tem aquecido quatro vezes mais rápido do que o restante do planeta, ameaçando um degelo muito preocupante.
Desde 2002, a Groenlândia já perdeu 5.900 bilhões de toneladas de gelo, jogando água doce e gelada no oceano subártico, que é mais leve do que a água salgada. Ela não desce tão bem por conta disso, e acaba prejudicando o sistema de circulação das águas, enfraquecendo a Corrente do Golfo.
Os cientistas não conseguiam explicar a desaceleração da AMOC, mas, incluindo o derretimento das plataformas de gelo groenlandesas e canadenses, a situação se esclareceu. Isso mostra que o sul e o norte do Atlântico estão mais conectados do que se pensava, afetando o clima globalmente.
Caso esse efeito continue, a tendência é que as águas façam a Europa esfriar, com sua parte oeste enfrentando invernos mais rigorosos, e a América do Sul e África esquentarem, já que as águas trarão mais calor e sal para o hemisfério sul, que também deverá ficar mais seco.
A estimativa, incluindo o gelo da nova pesquisa, é que a circulação se enfraqueça em até 30% até 2040, 20 anos antes do que se pensava.
Isso mostra, mais uma vez, que reduzir emissões de gases do efeito estufa, que estão causando aquecimento global e causando efeitos como esse no planeta, não é só uma boa ideia, mas sim uma atitude crucial para a nossa sobrevivência e a de toda a vida animal na Terra.
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