Quando as primeiras Guerras Secretas chegaram às bancas em 1984, a trama trouxe uma figura com poderes divinos e mullet de galã cafona de novela da época, com direito a blazer com ombreira quadradona e tudo mais. A intenção não era esclarecer ou justificar a presença do Beyonder ali; apenas que ele era o responsável por reunir heróis e vilões em batalhas do chamado Mundo Bélico, onde as equipes se enfrentaram como estivessem em arenas de gladiadores.
Mas… o tempo passou, as Guerras Secretas se tornaram uma importante parte do DNA da Marvel Comics e os leitores, tanto os veteranos quanto os novatos, tornaram-se mais exigentes com relação às coisas que antes ninguém importava detalhar de maneira coerente e mais verossímil.
Assim, apenas depois de 2015 é que a Casa das Ideias passou a mapear melhor seu canto cósmico e a reposicionar suas entidades espaciais, deixando um pouco de lado a abstração para realmente tornar tudo mais compreensível — por que essas figuras existem, quais suas motivações e objetivos, de onde vieram e como chegaram até ali.
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Essa revisão hierárquica do Universo Marvel vem acontecendo desde 2015, e, em 2022, a Casa das Ideias finalmente chegou ao tema “Beyonders”, que, mesmo mais detalhes revelados ao longos dos anos, ainda não tinha sua origem explicada.
E eis, que, quase 40 depois de 40 anos, agora sim é possível entender de onde eles vieram, por que foram criados e quais são as razões de sempre aparecer nas Guerras Secretas.
Atenção para spoilers de Defenders: Beyond #2!
Os Beyonders são os misteriosos e poderosos vilões da Marvel
Vários anos depois das Guerras Secretas originais, a Marvel até deu mais dicas do que seriam essas criaturas, que, na verdade, todo mundo achava ser tratar de apenas uma no passado. O Beyonder de 1984 foi mais tarde revelado como sendo apenas um bebê de uma raça inteira de seres com poder além da compreensão, superior até mesmo às entidades cósmicas do Universo Marvel.
Ao longo dos anos, a explicação mais plausível proposta para a existência dos Beyonders era que eles eram “substitutos” dos verdadeiros criativos da Marvel, daí sua propensão a tratar todo o Universo Marvel como seu playground. No entanto, considerando o papel desempenhado pelos Beyonders na destruição da sétima iteração do Multiverso durante as Guerras Secretas de 2015, uma explicação mais canônica de suas origens teve que ser dada em algum momento.
Quando apareceram nas Guerras Secretas de 2015, já deu para entender que os Beyonders têm a função de acabar com o universo em prol da troca de iteração dos cosmos. Na última vez que isso aconteceu, os heróis conseguiram reviver o Multiverso, mas em sua oitava versão, ou Oitavo Cosmos — embora Reed Richards, Franklin Richards e o Homem-Molecular tenham criado uma realidade bem parecida com o Sétimo Cosmos.
Só que o design horrível de personagem dos Beyonders, e a interação sem muito sentido com a trama e os as outras figuras mantiveram as coisas sob um mistério que mais parecia preguiça de roteiristas.
Os Beyonders são “supervisores” criados pelos Celestiais
Então as respostas vieram ema Defenders: Beyond #2, publicado em 2022. Os Defensores, um “sistema de defesa” que o Multiverso monta em momentos de necessidade, viajam de volta do atual Oito Cosmos para o Segundo Cosmos, onde encontram o Beyonder original das primeiras Guerras Secretas e seus pares.
Ali, a equipe os vê nascendo. Os Beyonders foram realmente criados no Segundo Cosmos pelos Celestiais, que são uma facção desonesta dos Aspirantes, os primeiros seres criados no Primeiro Cosmos. Quando a guerra entre os Aspirantes e os Celestiais destruiu o Primeiro Cosmos, também criou um multiverso de infinitas possibilidades.
Para manter a ordem no caos, os Celestiais criaram os Ômega, formas de vida ilimitadas com o poder de destruir até mesmo seus próprios criadores — a melhor proteção contra falhas no caso de outra guerra Celestial. Quando o Segundo Cosmos também chegou ao fim, os Celestiais se mudaram para o Terceiro, enquanto os Ômega permaneceram no Segundo, para continuar suas tarefas de manutenção, e adotaram o nome de Beyonders.
Foi uma boa sacada do escritor Al Ewing explicar as origens dos Beyonders integrando-os à natureza cíclica da cosmologia da Marvel, onde cada iteração do Multiverso está destinada a ser destruída por alguma grande catástrofe e renascer de novo e diferente. A descrição recorrente dos Beyonders como vindos de outra dimensão além do Universo Marvel regular, então, é explicada, tornando-os os últimos sobreviventes do Segundo Cosmos, uma iteração do Multiverso que não existe mais.
Eles ocupam um espaço vazio “fora de tudo o que é conhecido” de onde realizam sua “manutenção” e experimentos, incluindo a destruição do Sétimo Cosmos. Ewing também consegue reconciliar sua história com o misterioso Conselho Ômega e seus Motores de Concordância, introduzidos em outro volume de Defenders.
Defenders: Beyond também confirma que o Beyonder original encontrado pelos heróis da Marvel era um bebê, cujo processo de desenvolvimento natural foi prejudicado por um acidente, levando à sua interferência com a Terra — isso foi contado pela primeira vez em Fantastic Four #319, de 1988.
No geral, Defenders: Beyond esclareceu muitas informações confusas ou contraditórias sobre os Beyonders e, mais importante, integrou esses vilões clássicos de Guerras Secretas na cosmologia da Marvel Comics, dando a eles laços estreitos com os Celestiais e o próprio Multiverso.
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