Uma simples interação com o ChatGPT pode deixar um servidor tão quente que seria necessária uma quantidade de água equivalente àquela em uma garrafinha para esfriá-lo. Pensando nisso, o quanto as IAs são capazes de contribuir para o aumento do lixo eletrônico? É o que investigaram pesquisadores liderados por Asaf Tzachor, da Universidade Reichman, de Israel. Os resultados foram publicados na Nature Computational Science, e mostram que esta tecnologia pode ter papel significativo no aumento do lixo nos próximos anos.
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Toda vez que uma IA generativa executa alguma ação, como escrever um e-mail, há um custo energético — a criação de duas imagens pode parecer inofensiva, mas é capaz de consumir tanta energia quanto o necessário para carregar seu celular, por exemplo.
Enquanto isso, dezenas de milhões de produtos eletrônicos são descartados globalmente todos os anos. Celulares, micro-ondas, computadores e outros produtos que encontram este destino têm mercúrio e outros componentes que são altamente tóxicos; se descartados de forma incorreta, eles podem contaminar o ar, a água e o solo.
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E, bem, o “boom da IA” veio acompanhado da necessidade de dispositivos de armazenamento, unidades de processamento gráfico e outros componentes de alta performance, usados para realizar milhares de cálculos simultaneamente. Estes dispositivos costumam durar no máximo cinco anos e são substituídos assim que versões mais atualizadas são lançadas.
Assim, Tzachor e seus colegas decidiram investigar os impactos ambientais causados por esta tecnologia. Para isso, eles analisaram o tipo e quantidade de hardware usada nos grandes modelos de linguagem, a duração deles e a taxa de crescimento do setor da IA generativa.
Os resultados mostraram que as IAs generativas podem — sozinhas — acrescentar de 1,2 milhões a cinco milhões de toneladas métricas destes resíduos até 2030 dependendo do ritmo de crescimento desta indústria. Os números são preocupantes, mas é importante lembrar que são apenas uma estimativa que pode mudar de acordo com alguns fatores, como mudanças em hardware, que poderiam diminuir a quantidade de lixo.
Para Shaolei Ren, pesquisador da Universidade da Califórnia que não participou da pesquisa, o aspecto mais importante deste estudo é o foco no impacto ambiental causado pela IA. “Talvez queiramos que estas empresas [de IA generativa] desacelerem um pouco”, sugeriu.
São poucos os países que já criaram regulamentações para o descarte do lixo eletrônico. Nos Estados Unidos, o senador Ed Markey propôs um projeto de lei que iria exigir que agências federais estudassem e determinassem padrões para os impactos ambientais das IAs, incluindo o lixo eletrônico, mas a proposta ainda não passou pelo Senado norte-americano.
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