A Intel anunciou nesta quarta-feira (12) a nomeação de Lip-Bu Tan como seu novo CEO. O executivo, que possui mais de 20 anos de experiência na indústria de semicondutores e software, assume o cargo oficialmente em 18 de março, sucedendo os CEOs interinos David Zinsner e Michelle Johnston Holthaus.
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A chegada de Tan marca uma nova fase para a companhia, que busca se recuperar de um período turbulento sob o comando de Pat Gelsinger. Nos últimos anos, a empresa perdeu espaço significativo para rivais como AMD e NVIDIA, viu suas ações despencarem 60% em 2024 e foi removida do índice Dow Jones, sendo substituída justamente pela NVIDIA.
Tan já havia ocupado uma cadeira no conselho da Intel entre 2022 e agosto de 2024, quando renunciou após divergências com Gelsinger sobre os rumos da empresa. Sua nomeação sinaliza uma mudança de estratégia, com foco maior em fabricação de chips e possíveis cortes adicionais na força de trabalho.
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Quem é Lip-Bu Tan, novo CEO da Intel?
Veterano da indústria de tecnologia, Lip-Bu Tan construiu sua reputação principalmente durante seu período como CEO da Cadence Design Systems, entre 2009 e 2021. Sob sua liderança, a empresa mais que dobrou sua receita e viu suas ações valorizarem impressionantes 3.200%, resultado de uma transformação cultural focada em inovação centrada no cliente.
Nascido na Malásia, Tan possui formação acadêmica robusta: graduou-se em física pela Universidade Tecnológica de Nanyang (Singapura), obteve mestrado em engenharia nuclear pelo MIT e MBA pela Universidade de São Francisco. Em 2022, recebeu o Prêmio Robert N. Noyce, a mais alta honraria da Semiconductor Industry Association.
Sua entrada no conselho da Intel em 2022 foi vista como estratégica para auxiliar na recuperação da empresa. No entanto, as divergências com Pat Gelsinger, principalmente quanto ao tamanho do quadro de funcionários e à burocracia excessiva, levaram à sua saída em agosto de 2024. Gelsinger abandonou o cargo em dezembro do ano passado.
Segundo fontes próximas à situação, Tan defendia cortes mais profundos no quadro de funcionários, argumentando que equipes de projetos na Intel eram até cinco vezes maiores que as de concorrentes como a AMD para trabalhos comparáveis. Ele também criticava a cultura “complacente e não competitiva” da empresa, distante da mentalidade “só os paranóicos sobrevivem” do cofundador Andy Grove.
Futuro da Intel deve ser focado em fabricação
Em sua primeira mensagem aos funcionários como CEO, Tan estabeleceu um tom direto sobre suas prioridades: “Sob minha liderança, a Intel será uma empresa focada em engenharia. Vamos nos esforçar para desenvolver os melhores produtos, ouvir atentamente nossos clientes e nos responsabilizar pelos compromissos que assumimos para construir confiança”.
O novo CEO chega em um momento crucial. A empresa aposta fortemente em seu processo de fabricação Intel 18A, programado para iniciar a produção de chips de PC de última geração no segundo semestre de 2025, como parte de sua estratégia para competir com a TSMC no mercado de fundição.
“A Intel tem uma plataforma de computação poderosa e diferenciada, uma vasta base instalada de clientes e uma robusta presença em manufatura que está ficando mais forte a cada dia enquanto reconstruímos nosso roadmap de tecnologia de processo”, afirmou Tan em comunicado.
No entanto, o caminho não será fácil. A TSMC planeja investir outros US$ 100 bilhões para construir três novas fábricas no Arizona, enquanto a Intel recentemente adiou para 2030 a conclusão de sua fábrica de US$ 28 bilhões em Ohio.
A empresa também enfrenta desafios no mercado de IA, dominado pela NVIDIA. Em 2018, a Intel chegou a passar uma oportunidade de adquirir 30% da OpenAI, criadora do ChatGPT, e suas tentativas de desenvolver chips específicos para IA não alcançaram o sucesso esperado.
“Em áreas onde temos impulso, precisamos dobrar a aposta e estender nossa vantagem. Em áreas onde estamos atrás da concorrência, precisamos assumir riscos calculados para romper e dar um salto à frente”, destacou Tan em sua carta aos funcionários.
“Nova Intel” deve ter ainda mais cortes
A nomeação de Tan como CEO sugere que mudanças significativas estão por vir na Intel, principalmente no que diz respeito à sua estrutura organizacional. Em agosto de 2024, a empresa já havia anunciado o corte de 15% de sua força de trabalho, cerca de 15.000 funcionários, mas o novo presidente executivo pode implementar medidas ainda mais drásticas.
Durante seu período no conselho, Tan defendeu cortes específicos, focando principalmente em gerentes intermediários que não contribuem diretamente para os esforços de engenharia da empresa. Com aproximadamente 125.300 funcionários em todo o mundo, a Intel possui uma força de trabalho maior que NVIDIA e TSMC combinadas.
A urgência por mudanças é clara, haja vista que a companhia suspendeu seu dividendo pela primeira vez em décadas e viu investidores eliminarem mais de US$ 30 bilhões de seu valor de mercado em um único dia. Com valor de mercado atual de US$ 89,5 bilhões, a empresa vale menos de um trigésimo da NVIDIA.
Para Tan, o momento exige ação decisiva: “De muitas maneiras, somos os fundadores da ‘Nova Intel’. Aprenderemos com erros do passado, usaremos contratempos para fortalecer nossa determinação e escolheremos ação em vez de distração para alcançar nosso pleno potencial”.
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