O planeta está esquentando, disso não há dúvidas, mas cientistas calculam — com base no Acordo de Paris — que, mesmo que atinjamos a meta do acordo, limitando o aquecimento causado pelas emissões de carbono a 2 ºC mais quente do que os níveis pré-industriais até o final do século, poucos lugares confortáveis sobrarão na Terra.
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Em 2024, já atingimos 1,5 ºC de aquecimento global acima dos níveis pré-industriais. Mais 0,5 ºC e as regiões quentes demais para que um humano adulto saudável consiga habitar irão triplicar: o equivalente a riscar do mapa um território com mais ou menos a massa terrestre da América do Sul.
O calor que humanos suportam
Se para os adultos saudáveis a situação é crítica, para os grupos mais vulneráveis ela é pior. Pessoas acima dos 60 anos são mais vulneráveis ao calor extremo, e experimentarão uma zona de perigo de cerca de 35% da massa terrestre — atualmente, a área abarca 21% do planeta. E quanto mais quente, pior, segundo uma pesquisa do cientista do clima Tom Matthews, da Universidade de King’s College.
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
Segundo ele, caso cheguemos a 4 ºC de aquecimento, locais de calor incompensável afetariam cerca de 40% das regiões terrestres, com apenas as latitudes altas (extremo norte e extremo sul) e regiões mais frias das latitudes médias sobrando para habitação confortável. Mesmo quando estamos bastante saudáveis, o corpo lida limitadamente com o calor.
Podemos suar e ficar sonolentos quando está muito quente, o que não mata, mas não deixa condições muito boas para prosperarmos em tal clima. Acima disso, estamos no calor incompensável, quando os mecanismos do corpo que estabilizam a temperatura interna começam a falhar. Isso ocorre em ondas de calor, principalmente no equador.
Acima disso e chega-se ao calor insuportável, o suficiente para matar. No estudo, isso foi definido como o momento em que a temperatura do corpo (idealmente em 37 ºC) chega a 42 ºC em seis horas ou menos. Com aquecimento a 2 ºC acima de níveis pré-industriais, apenas algumas áreas chegariam a esse nível e apenas para pessoas acima de 60 anos.

Entre 4 e 5 ºC de aquecimento, níveis insustentáveis seriam atingidos em várias regiões do planeta para pessoas de todas as idades, mas pessoas acima dos 60 anos teriam cerca de 60% do planeta considerado incompensável. Nos trópicos, os níveis de calor seriam insustentáveis para todas as idades — região onde vive cerca de 40% de todos os humanos.
Em condições insustentáveis, a exposição ao ar livre mesmo de pessoas que estejam na sombra, hidratadas e experimentando uma brisa ainda sofreriam de insolação fatal. É mais um lembrete, segundo os cientistas, de que a busca por energia renovável e sustentável é urgente e imediata — e um aviso de que precisamos nos preparar para um planeta onde sair de casa se tornará um risco de vida.
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