Em 2011, eu entrevistei o diretor de design da Hyundai Motors, Peter Schereyer, e ouvi seu entendimento sobre o futuro dos automóveis: “Muito conteúdo e ciclos de renovação rápidos, como se fosse um telefone celular”. Corta para outubro de 2024: a Hyundai Motor do Brasil apresenta a 3ª renovação do SUV compacto Creta em 6 anos. O que esse Novo Hyundai Creta significa para o cliente brasileiro?
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Apresentado como linha 2025, o Novo Hyundai Creta chega em 5 versões, praticamente mantendo os valores sobrados pelo Hyundai Creta Nova Geração. Assim, parte de R$ 141.890 na versão de entrada Comfort, indo até os R$ 189.990 da versão Ultimate, com novo motor 1.6 turbo a gasolina.
No palco, durante a apresentação do novo modelo, o diretor de produto Rodolfo Stopa frisou vez após vez a modificação profunda, não hesitando em classificar as mudanças como “drásticas”, “radicais”, “completas” e “inovadoras”. No chão, alguns outros executivos apontam o Novo Creta até mesmo como uma nova geração, apesar de manter bases construtiva (plataforma K2) e tecnológica (plataforma Smart Sense).
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A justificativa era a mesma, porém: “Neste mercado cada vez mais dinâmico, se não mudarmos, perdemos espaço. Em time que está ganhando se mexe ainda mais”.
Novo Creta é robusto e refinado
No caso do Novo Hyundai Creta, Stopa classificou as mudanças como “robustas, mas refinadas ao mesmo tempo”, sem enxergar qualquer oposição entre os termos. Fato é que o Creta anterior (Nova Geração) chegou em 2021 sob crítica da imprensa por conta de seu visual ousado demais, estranho demais, dentro da filosofia Sensuous Sportiness (algo como Sensualidade Esportiva), que se inspirava na natureza e em elementos orgânicos.
Apesar da frente com elementos desalinhados e traseira com lanterna em forma de ponto-e-vírgula, o SUV é um sucesso comercial, brigando venda a venda pela liderança do segmento de compactos com Volkswagen T-Cross e Hyundai Creta. Chegou até mesmo, em 2022, a ser rapidamente líder absoluto de vendas no país, desbancando hatches e picapes compactas.
Agora, o novo modelo muda completamente de estilo, chamado de Seamless Light (Iluminação integrada, em tradução livre), trazendo novo capô, grade frontal, conjunto óptico bipartido, novos para-choques frontal e traseiro, novas lanternas, nova tampa de porta-malas e novas rodas. Tudo conversa.
Luzes de LED em formato do sinal de aspas são paralelas à grade frontal e à tomada de ar do para-choque, em cascata. Lembra soluções de picapes médias. Luzes principais parecem um bloco de Lego, na lateral da grade. A versão esportiva N-Line muda ainda mais. Ela e a Ultimate, aliás, entregam barra de luz frontal (como fazem BYD e Volkswagen e Mercedes-EQ, entre outras) e novos equipamentos internos.
Para a Hyundai, o Creta é líder ainda hoje. A marca usa o recorte “vendas absolutas para varejo”, que descarta quaisquer emplacamentos para frotas, pessoas jurídicas e PCD, para colocar o modelo à frente dos rivais. Ao todo, de 2018 até 2024, o Hyundai Creta emplacou mais de 430 mil unidades, de suas 3 iterações, nas contas da empresa. Tudo por mudar bastante, como celulares, e sempre atrair consumidores que procuram o novo. A missão da linha 2025 é seguir com esse (curto) ciclo virtuoso.
Carro novo, mesmo porte
Após a apresentação, a Hyundai colocou unidades do Novo Creta à disposição da imprensa, no circuito de testes da Pirelli, em Elias Fausto, cidade na região de Itu, interior de São Paulo.
Estático, o renovadíssimo Creta N-Line era apenas para ser observado. Mas a versão de topo de gama Ultimate podia ser colocada em movimento em 4 exercícios rápidos: pista molhada, workshop de tecnologia e segurança e volta rápida com slalom (exercício de desvio e mudança rápida de trajetória).
Nada disso permite dizer se o Novo Creta vai bem no dia a dia, se é eficiente ou prazeroso em longas viagens. Mas permite fazer observações.
Sim, o Novo Creta chama atenção demais e parece um modelo de outro segmento. De novo, observando as versões mais caras, N-Line e Ultimate. Não havia exemplares do Creta em suas variantes de entrada, que não trazem luzes de LED, barras de luz, nem painel de instrumentos unificados com tela central, ou revestimento de couro colorido.
Não, não se trata de outra geração. A entre-eixos de 2,61 metros e largura de 1.79 m são os mesmos, ainda que o SUV tenha ganho 2 cm de comprimento, indo a 4,33 m. Porta-malas também segue com 422 litros, ao passo que a cabine ainda abriga 5 pessoas com conforto mediano.
Tecnologia para segurança no Novo Creta
Na versão mais completa, o ganho em termos de segurança é muito interessante. O Novo Hyundai Creta agora se mantém centralizado na faixa, por conta, sempre que a velocidade ultrapassar os 40 km/h e corrige o volante para evitar escape de faixa, com o comando ativado, a partir de 60 km/h.
Além disso, freia sozinho, caso encontre carro parado à frente e o motorista não reaja. Ou caso um veículo esteja se aproximando perto demais, em manobras de ré. E alerta com aviso nas 2 telas, sinal sonoro e luz no retrovisor se não for seguro abrir a porta no momento de descer.
Os novos reguladores de ar-condicionado, horizontalizados como o visual externo do SUV, são mais intuitivos e refrigeram melhor a cabine que os do Creta atual. E a iluminação âmbar em conjunto com o revestimento em cinza claro da cabine (apenas nesta versão, já que cada configuração tem uma cor diferente) ajudam a fazer com o que ambiente para mais amplo e acolhedor, o que costuma ser bom em viagens.
Mas o novo painel está mal posicionado, poderia ficar um pouco mais acima de onde foi instalado ou com alguma inclinação, para que suas informações sejam mais visíveis por detrás do aro do volante.
Como anda o Novo Hyundai Creta
Um dos principais argumentos de venda da Hyundai para o Novo Creta será o inédito motor 1.6 TGDi, turbo, com injeção direta de gasolina, 4 cilindros. A marca já diz que se trata do “motor mais forte da categoria”, com 193 cv e 27,5 kgf/m. Também o classifica como pelo menos 9% mais eficiente do que o antigo 2.0 aspirado que equipava o Creta de topo até então.
Ainda não há planos de dotar esse motor, que é importado da Ásia, da tecnologia flex, mas, por enquanto, a Hyundai fornece números que apontam excelente consumo:
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11,9 km/l na cidade;
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13,5 km/l na rodovia.
Também é um motor feito para ser aprovado pelo novo índice brasileiro de emissão de poluentes, o Proconve L8, que passa a vigorar em 2025. Tudo isso é auxiliado pelo câmbio automatizado de dupla embreagem (DCT) com 7 marchas.
Na prática, nos testes curtos, o que se percebe é o quanto o 1.6 turbo é esperto em baixos giros, com torque chegando na faixa de 1.700 rpm. Com segurança de pista de testes, acelera rápido, com 0 a 100 km/h em 7,8 segundos, passando também em instantes para acima dos 180 km/h. Segundo a Hyundai, a máxima é de 210 km/h.
Só que, nesta situação, e mesmo com toda eletrônica, é fácil perceber que o Novo Creta aderna tanto quanto o Creta atual. E demanda algum cuidado na frenagem feita de pé cravado no assoalho, já que a carroceria de 1.355 kg tende a oscilar nestas situações.
Fica certo que o Novo Hyundai Creta Ultimate, de topo, é um veículo esperto, como seu motor 1.6 turbo. E que, mantendo sucesso ou não, mudará novamente em pouco tempo.
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