O telescópio James Webb mostrou que há algo estranho acontecendo com 29P/Schwassmann-Wachmann. Este objeto rochoso parece estar liberando material gasoso de composição variada, que pode ajudar os astrônomos a entender melhor a formação e evolução do Sistema Solar. 

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Na verdade, 29P/Schwassmann-Wachmann é bastante curioso por si só porque é considerado um centauro. Na mitologia grega, estas figuras eram metade humanas, metade cavalos; já na astronomia, os centauros são objetos rochosos híbridos que ficam no meio-termo entre cometa e asteroide, e vieram do misterioso Cinturão de Kuiper, o lar de muitos dos cometas do Sistema Solar. 

O primeiro deles foi descoberto em 1977, e desde então, mais de 300 já foram encontrados. Mais de 30 deles se comportam como cometas, ou seja, às vezes exibem um coma (o envelope gasoso que cerca o núcleo) e uma cauda. 


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Reprsesentação de Cáriclo. Ele é o maior centauro do Sistema Solar e tem um anel próprio (Imagem: Reprodução/ESO/L. Calçada/M. Kornmesser/Nick Risinger)

No caso, os cientistas usaram o Webb para observar o centauro 29P/Schwassmann-Wachmann 1 (ou apenas 29P, se preferir), um dos mais ativos do Sistema Solar externo. Ele é conhecido por ser altamente ativo e exibir explosões quase periódicas, com intensidade que varia de seis a oito semanas. 

Eles descobriram que o objeto está disparando um novo jato de monóxido de carbono (CO), além de jatos até então desconhecidos de dióxido de carbono (CO2). Observações anteriores mostraram que o 29P emitia um jato de CO em direção ao Sol e à Terra; agora, os novos dados mostraram que este jato continua lá. 

A equipe também tentou encontrar outros compostos naquele jato, como água e dióxido de carbono. Os resultados mostraram que o CO2 ocorre em uma das formas mais frequentes no Sistema Solar, e não foram encontrados sinais de vapor d’água na atmosfera do 29P.

 

Os jatos de dióxido de carbono, por sua vez, parecem ser apenas dois. Eles são disparados nas direções norte e sul e representam a primeira detecção definitiva do composto neste centauro. Já o jato de CO ocorre na direção norte.

Centauro 29P 

Através de modelos tridimensionais, a equipe concluiu que o ângulo dos jatos pode indicar que o 29P tem núcleo desagrupado, feito de objetos diversos e com composições variadas. “Talvez dois pedaços tenham se fundido e formado esse centauro, que é uma mistura de corpos muito diferentes que passaram por caminhos de formação separados. Isso desafia nossas ideias sobre como os objetos primordiais são criados e armazenados no Cinturão de Kuiper”, comentou Geronimo Villanueva, coautor do estudo. 

Por enquanto, os pesquisadores ainda não sabem o porquê de o 29P exibir aumentos repentinos no brilho. Ainda, os mecanismos por trás da atividade dos jatos de CO e CO2 permanecem um mistério que deve ser investigado em estudos futuros. 

Dados do centauro 29P/Schwassmann-Wachmann 1 obtidos pelo James Webb (Imagem: Reprodução/NASA, ESA, CSA, L. Hustak (STScI), S. Faggi (NASA-GSFC, American University)

Os cometas, por exemplo, já são conhecidos o suficiente para os cientistas saberem que emitem jatos devido à evaporação da água. Já os centauros ficam tão distantes que são frios demais para permitir a sublimação da água; portanto, a atividade gasosa deles devem ter origem diferente daquela dos cometas. 

Assim, os autores esperam entender melhor o centauro 29P para aplicar as técnicas a outros objetos semelhantes. “Eu gostaria de voltar e observar o 29P por mais tempo. Os jatos sempre têm essa orientação? Será que existe outro jato de monóxido de carbono que se ativa em um ponto diferente do período de rotação? Observar esses jatos ao longo do tempo nos daria uma visão muito melhor sobre o que está causando essas explosões”, finalizou o coautor Adam McKay.

O artigo que descreve as descobertas do estudo foi publicado na revista Nature

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