A Renault desistiu de fabricar motores para a Fórmula 1, onde corre usando o nome da submarca Alpine, a partir de 2026. O grupo francês vai além e sequer irá atualizar o projeto atual visando a próxima temporada, que começa em março de 2025. Em vez disso, vai direcionar dinheiro e funcionários para o desenvolvimento de baterias e motores elétricos de alta performance tanto para carros de rua, quanto para modelos de competição.

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Renault prioriza eletrificação

Embora rumores dominassem os boxes da F1 desde o final do primeiro semestre, o anúncio da mudança de rumo é tão surpreendente do ponto de vista esportivo que foi feito de forma bastante discreta na última segunda-feira, 30 de setembro.

A definição está apenas no 7º parágrafo de documento divulgados com novas funções para o centro de Viry-Châtillon, na França, que até então respondia pela engenharia da Renault e era também sede da Alpine.


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Viry-Châtillon era sede da engenharia da F1, na França, mas agora será centro de eletrificação da Renault (Foto: Divulgação/Grupo Renault)

Do ponto de vista industrial, porém, é um anúncio que segue à risca os últimos passos da estratégia global da Renault de focar em eletrificação para todos os seus principais mercados, incluindo o Brasil.

Para nosso país, a Renault tem 3 planos de curto e médio prazos: fabricar um SUV híbrido inédito, já em 2025, em São José dos Pinhais (PR); lançar uma picape inédita, também com tecnologia híbrida, em 2026; vender soluções de eletrificação para outras marcas, inclusive para o projeto do “Tesla brasileiro”, através da fábrica de motores Horse, em parceria com a Geely.

Assim como na Europa, Renault também vai apostar em eletrificados, como a picape Niagara, aqui no Brasil (Imagem: Renault Argentina/Divulgação)

O que a Alpine vai fazer agora?

A Alpine é a submarca de modelos esportivos da Renault e divisão de competição do grupo francês para diversas categorias do esporte a motor, incluindo a F1.

Valendo já para o final deste ano de 2024, Viry-Châtillon vai abrigar a Hypertech Alpine, nova divisão do Grupo Renault que terá a missão de fazer “pesquisa e desenvolvimento de novas químicas e células de baterias, em especial a tecnologia de baterias de estado sólido, além de pesquisar novas tecnologias de motores elétricos”, de acordo com o comunicado.

Este documento divulgado pela Renault aponta também que a Hypertech Alpine terá como missão apoiar a estratégia global do grupo, que prevê 7 novos carros até 2030.

Os funcionários que atualmente fazem parte da equipe de engenharia de motores da F1 poderão ser transferidos, se quiserem, para as novas áreas de desenvolvimento e engenharia de tecnologias elétricas, bem como dos modelos inéditos.

Ainda segundo o comunicado, “as atividades de Fórmula 1 em Viry, excluindo o desenvolvimento de um novo motor, continuarão até o final da temporada de 2025”.

Não fica claro se Renault e Alpine seguirão, ou não, na categoria após esse prazo.

Renault promete 7 novos modelos elétricos até 2030 (Foto: Divulgação/Renault)

5 novos projetos da Renault

Com o dinheiro até então direcionado para a fabricação de motores para a F1, a nova divisão da Renault será responsável por 5 novos projetos, que valem tanto para as equipes de corrida da Alpine, quanto para modelos de rua não só da própria Alpine, mas de outras marcas do Grupo Renault.

Esses 5 projetos são os seguintes.

  1. Futuro supercarro da Alpine: o centro de Viry-Châtillon vai priorizar o desenvolvimento do novo superesportivo da submarca;

  2. Tecnologias de bateria do futuro: a Hypertech Alpine será responsável pelo desenvolvimento das baterias dos carros esportivos da marca a curto e médio prazo. A longo prazo, também fará pesquisa e engenharia avançada para células de densidade de energia ultra-alta, em particular com a tecnologia de bateria de estado sólido, em condições operacionais extremas para aplicações no supercarro da Alpine.

  3. Novas tecnologias de motor elétrico: a Hypertech Alpine realizará atividades de pesquisa e engenharia avançada sobre essas tecnologias em colaboração com a Ampere (nova divisão da Renault para eletrificação), para se preparar para os avanços tecnológicos esperados na próxima geração de veículos elétricos.

  4. Programa de esportes motorizados: Viry-Chatillon seguirá desenvolvendo a engenharia para equipes de corrida, mas visando o Campeonato Mundial de Endurance (WEC, que utiliza motorização híbrida), bem como Fórmula E (apenas com modelos elétricos) e Rally-Raid para marcas parceiras.

  5. Unidade de monitoramento da F1: a Renault cita “processo de consulta e diálogo com os representantes dos funcionários em Viry-Châtillon” para decidir estabelecer uma “unidade de monitoramento da F1”, que vai manter o “conhecimento e as habilidades dos funcionários nesse esporte e permanecer na vanguarda da inovação para os vários projetos da Hypertech Alpine”.

Na imagem, engenheiros da Renault trabalham em motor da temporada de 1979 da F1  (Foto: Divulgação/Grupo Renault)

Fim de uma era

Em 47 anos na F1, o Grupo Renault ganhou dois campeonatos de pilotos e de construtores de forma direta (2005 e 2006), além de participar de mais 12 conquistas de construtores e 11 de pilotos como fornecedora de motores para outras equipes.

Embora nenhuma parceria tenha sido anunciada, especula-se que a equipe Alpine de F1 deva correr com motores da Mercedes-Benz a partir da temporada 2026, que prevê mudanças no regulamento técnico.

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