A última vez em que humanos estiveram na Lua foi na missão Apollo 17, em dezembro de 1972. Ainda não houve novos astronautas por lá, mas empresas privadas já tentaram enviar seus módulos para tentar realizar pousos lunares e nem sempre têm sucesso. Mas por que ainda é tão difícil pousar na Lua se tantas missões robóticas e tripuladas foram enviadas ao nosso satélite natural? 

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Antes de continuar, recordemos brevemente o desfecho do lander Hakuto-R, do Japão: a espaçonave tentou pousar na superfície lunar em 2023, mas uma falha do seu computador de bordo levou a cálculos incorretos da altura de uma cratera lunar. O resultado? O lander colidiu com a Lua e acabou destruído

Destroços do lander Hakuto-R observados por sonda da NASA na órbita da Lua (Imagem: Goddard Space Flight Center da NASA/Arizona State University)

O incidente se junta a pousos realizados com alguns imprevistos — por exemplo, o lander Odysseus, da norte-americana Intuitive Machines, fez história ao pousar na Lua, mas a descida custou uma das suas “pernas” e ele acabou tombado. Hoje, a lista de países que conseguiram realizar pousos lunares é composta apenas pelos Estados Unidos, pela antiga União Soviética, China, Índia e Japão. 


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Vale lembrar que os feitos históricos da Era Apollo foram o resultado de um programa vasto acompanhado por explosões, erros de sistema e outras falhas antes do sucesso. Até mesmo a Apollo 11, que levou os primeiros humanos à superfície lunar, foi marcada por pouco combustível e vários alarmes disparados pouco antes do tão aguardado pouso na Lua

Após o fim do programa, foi em 1976 que os soviéticos pousaram a missão Luna 24 em solo lunar. Mas, no auge do programa Apollo, o orçamento da NASA representava mais de 4% dos gastos do governo; hoje, a agência espacial opera com cerca de 0,4% do orçamento federal. “Eram literalmente centenas de milhares de pessoas na Apollo. Era um programa de U$ 100 bilhões em números da década de 1960”, descreveu Greg Autry, da Universidade de Arizona State. Hoje, os landers lunares tentam pousos lunares com apenas uma pequena parte do orçamento. 

Eugene A. Cernan hasteando bandeira dos Estados Unidos na Lua durante a Apollo 17 (Imagem: NASA)

Estamos aprendendo a fazer coisas que não fazíamos há muito tempo, e o que estamos vendo são organizações aprendendo a voar novamente”, disse à CNN Scott Pace, diretor do Instituto de Políticas Espaciais da Universidade George Washington. “Ir à Lua não é uma questão de [ter] apenas um astronauta corajoso ou brilhante. É uma questão de companhias inteiras que são organizadas, treinadas e equipadas para ir até lá. O que estamos fazendo agora é essencialmente reconstruir parte da experiência que tínhamos durante a Apollo, mas que perdemos nos últimos 50 anos”, finalizou. 

Por que é difícil pousar na Lua

“Nós não ficamos ‘mais burros’”, brincou Csaba Palotai, professor de física e ciência espacial do Instituto de Tecnologia da Flórida. “Mas desde a década de 1970, não houve astronautas e pilotos nos landers para corrigir o que computadores não conseguem ou não vão”, acrescentou. E, de fato, um smartphone hoje tem mais poder computacional do que os dispositivos usados na época do programa Apollo. 

Não é exagero dizer que muito mudou desde então. Os engenheiros do programa Apollo construíram os primeiros computadores da época, mas grande parte do software e arquitetura desenhados especialmente para o ambicioso programa lunar norte-americano seriam inúteis para missões atuais. “Estamos aprendendo novamente como fazer isso, mas também estamos aprendendo com tecnologia que é nova e diferente”, comentou John Thornton, CEO da Astrobotic, que tentou enviar o lander Peregrine à Lua.

Representação do lander Peregrine, da Astrobotics, que foi lançado à Lua para tentar pousar lá (Imagem: Astrobotic Technology)

Só que a questão não se restringe apenas aos desafios tecnológicos. Diferentemente da Terra, a Lua tem uma atmosfera tão fina que impede que engenheiros projetem paraquedas para desacelerar espaçonaves durante a descida até a superfície. Por isso, as missões são enviadas para lá equipadas muitas vezes com um único motor, responsável por controlar a descida. 

Para tornar a questão ainda mais complexa, o motor precisa de um dispositivo que permita aumentar ou diminuir seu empuxo conforme a necessidade. “Normalmente, você os ativa e eles fornecem um impulso estável”, disse ao The Guardian Nico Dettmann, líder do grupo de exploração lunar da Agência Espacial Europeia. “Alterar o impulso durante as operações adiciona muito mais complexidade”, observou ele.

“Todos naquelas missões eram novatos. Estas são pessoas fazendo isso pela primeira vez, e não há substituto para esta experiência”, recordou Pace em referência às missões privadas que se chocaram com a Lua. “Sim, eles estão falhando, e algumas empresas vão quebrar. Mas se aprenderem com a falha e voltarem, aí você vai ter uma equipe forte. Isso é realmente sobre educar uma nova geração”, finalizou. 

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