Entre as substâncias que causam preocupação à saúde humana pela sua presença na água potável, as que estão mais em voga no momento são as PFASper e polifluor alquil —, também conhecidas como “químicos eternos”. Elas são compostos químicos fluorinados resistentes à degradação que se acumulam nos tecidos do corpo e são altamente móveis no ambiente.

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Nas últimas décadas, o uso cada vez maior de tais substâncias para fabricação de superfícies antiaderentes, repelentes de manchas e surfactantes chamou a atenção para riscos ambientais e de saúde: com aparelhos analíticos bons o suficiente, é possível encontrar PFAS em praticamente todos os lugares do planeta, até no Ártico.

Para os seres humanos, a exposição aos químicos eternos vêm da água potável, alimentação e ar, bem como, em uma medida muito menor, contato com a pele. No caso dos alimentos, será difícil diminuir essa contaminação a menos que estudos mostrem quais comidas estão menos contaminadas, já que há pouca regulação acerca de embalagens e processos industriais.


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PFAS estão presentes em diversos produtos, principalmente em materiais antiaderentes — como reduzir sua exposição a eles? (Imagem: Caio/Pexels)
PFAS estão presentes em diversos produtos, principalmente em materiais antiaderentes — como reduzir sua exposição a eles? (Imagem: Caio/Pexels)

Já a água potável é o campo onde é mais fácil reduzir a exposição aos PFAS — filtros de água domésticos são o bastante para ajudar nesse processo. Em um estudo realizado por cientistas da Universidade de Montréal, foi avaliada a eficiência dos filtros disponíveis no mercado para descobrir qual é o melhor na remoção de químicos eternos da água.

O melhor filtro contra químicos eternos

De acordo com a química Termeh Teymoorian, que liderou o estudo, a melhor maneira de tratar a água potável seria modernizando estações de tratamento, uma atitude necessária, mas custosa e dependente de vontade política.

A nível individual, a compra de água mineral engarrafada seria uma boa solução, mas ela não cabe no orçamento de grande parte da população e ainda possui uma pegada ecológica considerável, já que envolve transporte e uso de embalagens.

A solução mais prática e barata, então, seria a instalação de um filtro na própria pia da cozinha ou uso de um jarro com filtro, já que tratar a água de toda a casa é desnecessário e custoso: a exposição a PFAS na água do banho é risível. Domesticamente, há algumas opções — nanofiltragem, sistemas de osmose reversa e filtros de jarro.

A performance dos filtros na remoção de PFAS foi avaliada em um estudo, levando em conta diversos parâmetros de qualidade da água (Imagem: Teymoorian et al./Frontiers in Environmental Chemistry)
A performance dos filtros na remoção de PFAS foi avaliada em um estudo, levando em conta diversos parâmetros de qualidade da água (Imagem: Teymoorian et al./Frontiers in Environmental Chemistry)

Os dois primeiros tipos são efetivos, mas sua eficiência depende da qualidade da água e dos contaminantes presentes. Filtros de pia são mais caros no momento da compra e requerem troca do cartucho ou membrana, em geral anualmente. A troca também pode precisar da contratação de um encanador, em certos casos.

Restam, então, os filtros de jarro, baratos e fáceis de usar — alguns deles, no entanto, não são tão efetivos na remoção de PFAS, especialmente os compostos mais novos e de cadeia de filtragem mais curta. Os testes de Teymoorian, feitos no Canadá, mostraram, em ordem decrescente, os melhores filtros disponíveis:

  • Jarros Zerowater: certificados como removedores de PFAS pela Fundação Sanitária Nacional canadense, esses filtros removeram mais 96% dos químicos eternos após o uso em 160 L de água da torneira de duas cidades diferentes;
  • Jarros Clearly Filtered: certificados pela Associação da Qualidade de Água, também eliminaram mais de 96% dos PFAS após filtragem de 160 L;
  • Jarros Aquagear: apesar de considerados efetivos por testes laboratoriais independentes, a pesquisa mostrou eficiência entre 60% e 77% de eliminação de PFAS;
  • Jarros Brita Elite: a pior classificada não foi desenhada ou certificada contra a eliminação de PFAS da água, e, nos testes, eliminou entre 20% e 48% dos químicos eternos, curiosamente uma colocação pior do que os jarros Brita convencionais. 

A conclusão do estudo é que os filtros de jarro são simples, mas efetivos, embora possam ter um custo maior a longo prazo do que os filtros de absorção ou de osmose reversa instalados em pias. É importante, acima de tudo, verificar se o produto adquirido é certificado na eliminação de PFAS por organizações confiáveis.

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