Os relógios epigenéticos são usados para medir a idade biológica dos tecidos humanos e, consequentemente, rastrear o envelhecimento. Agora, pesquisadores da startup norte-americana Tally Health anunciaram ter desenvolvido uma segunda geração dessa ferramenta, o CheekAge, ainda mais precisa e com a possibilidade de avaliar o risco de mortalidade. Para isso, é analisada apenas a saliva.

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O diferencial é que todos os resultados do CheekAge são obtidos a partir de um teste simples de saliva, o que permite a análise da metilação do DNA das células da boca, enquanto o exame padrão envolve amostras de sangue. 

Para prever o risco de morte e a taxa de envelhecimento, os cientistas responsáveis utilizam algoritmos de aprendizado de máquina (machine learning, em inglês). Assim, analisam um grande conjunto de dados e diferentes variáveis dos pacientes, buscando obter uma estimativa de idade epigenética em um tecido. 


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Os resultados do novo teste de saliva foram publicados, na segunda-feira (30), em artigo na revista Frontiers in Aging. Por enquanto, a nova tecnologia está em fase de validação e não tem previsão de chegar ao mercado.

Como as pessoas envelhecem?

Dentro da epigenética, estuda-se como o ambiente e o estilo de vida afetam o funcionamento dos genes de uma pessoa. Afinal, diferentes fatores podem afetar o funcionamento ou mesmo desligar alguns genes. São os marcadores epigenéticos, ou seja, as mudanças químicas no DNA que afetam o funcionamento dos genes (mas não alteram o código genético).

Diferentes comportamentos podem alterar a atividade dos genes, como alimentação, certos medicamentos, estresse, alcoolismo, exposição a químicos, tabagismo, sedentarismo, uso de cannabis ou inalação de poluentes. Com tantos fatores comportamentais em jogo, as pessoas não envelhecem da mesma forma.

Nova geração de relógio epigenético usa teste da saliva para medir taxa de envelhecimento e risco de mortalidade, de forma simples (Imagem: Sangharsh Lohakare/Unsplash)

A parte interessante é que existem estratégias para medir o acúmulo dessas mudanças, como a metilação do DNA. Isso ocorre quando um grupo metila é acrescentado à base do DNA, alterando a expressão gênica. De forma geral, os padrões de metilação ficam mais distintos conforme o tecido envelhece

Avaliando o teste de saliva que mede risco de morte

No novo estudo, os pesquisadores conseguiram prever a mortalidade geral, de forma retrospectiva, usando o relógio epigenético em uma amostra de 1,5 mil indivíduos, nascidos em 1921 e 1936. Todos esses indivíduos foram monitorados ao longo da vida por um programa de saúde britânico.

“O CheekAge teve um desempenho melhor do que todos os relógios de primeira geração testados”, destacam os autores, no artigo. Adicionalmente, eles afirmam ter descoberto uma forma de medir o risco de mortalidade — algo que não era possível nas gerações anteriores.

Esta pesquisa foi 100% retrospectiva. Agora, é preciso realizar um estudo prospectivo. De outra forma, é necessário fazer as previsões sobre pessoas vivas e ver se elas, de fato, irão morrer em maior proporção, como aponta a técnica que envolve o teste de saliva.

Como os testes impactam a saúde?

Embora seja possível usar os dados associados à epigenética para prever quando alguém iria morrer, essas mudanças são reversíveis, como explica Adele Murrell, professora no Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Bath (Reino Unido). Murrell não participou da pesquisa liderada pela startup.

Então, a especialista defende que os resultados dessa nova geração de relógios epigenéticos poderiam ser mais úteis se fossem utilizados como alertas para a necessidade de mudanças no estilo de vida e para cuidados com a saúde. Não é uma sentença. 

“Ainda não está claro se os pacientes estarão mais dispostos a mudar suas escolhas de estilo de vida ao serem confrontados com os dados do relógio epigenético, em comparação com alerta de seu médico”, pontua Murrell, em nota do Science Media Centre (SMC).

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