Você já se perguntou de onde veio o carbono do seu corpo? Este elemento tão crucial para as formas de vida na Terra veio da fusão nuclear no interior das estrelas, e depois foi espalhado pelo universo junto de outros elementos necessários para a vida como conhecemos. Agora, pesquisadores dos Estados Unidos e Canadá decidiram investigar a jornada do carbono pelo universo. 

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O astrônomo Carl Sagan não exagerou quando disse que “somos todos feitos de poeira das estrelas”. O hidrogênio e hélio foram os primeiros elementos que surgiram após a formação do universo; já o carbono presente em nossos corpos foi sintetizado no interior das estrelas através da nucleossíntese. 

Ao longo dos seus ciclos, as estrelas realizam a fusão do hidrogênio em hélio, e depois, do hélio em carbono — três átomos de hélio-4 podem se combinar para criar um de carbono-12. Mas, para isso, são necessárias temperaturas de aproximadamente 100 milhões de graus Kelvin. 


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Conforme o processo ocorre, surge a chamada força termonuclear, que “empurra” para fora da estrela. A maior parte da vida dos astros é marcada pelo equilíbrio entre a força termonuclear e a gravidade, que “puxa” para dentro. No entanto, esta relação delicada chega ao fim quando a estrela esgota suas reservas de combustível para a fusão nuclear.

Ocorre fusão nuclear no interior das estrelas, que transforma elementos leves em outros mais pesados (Imagem: ESO/L. Calçada)

Como resultado, a estrela colapsa sobre sua própria estrutura e espalha os elementos pelo espaço de várias formas diferentes, como uma explosão de supernova ou uma nebulosa planetária. Depois, os elementos vão ser usados por novas gerações de estrelas e planetas — e, quem sabe, de vida. 

No novo estudo, os cientistas descobriram que os átomos de carbono não ficam simplesmente vagando pelo espaço até encontrarem um novo lar cósmico. Na verdade, a análise de dados obtidos pelo telescópio Hubble mostrou que as galáxias como a Via Láctea, onde ainda há estrelas em formação, os átomos vão em uma rota mais indireta. 

O segredo está no chamado meio circungaláctico, uma espécie de corrente que cerca a galáxia e se estende até o espaço entre as galáxias. Estas correntes arrastam o material ejetado pelas estrelas e os traz de volta para dentro da galáxia, onde vai servir como “ingrediente” para a formação de novas estrelas. 

Ao analisar a radiação ultravioleta de nove quasares, os pesquisadores analisaram como estes objetos foram afetados pelo meio intergaláctico de 11 outras galáxias com forte formação estelar. Os resultados revelaram que o carbono está absorvendo a luz — uma delas, aliás, foi flagrada com carbono a até 400 mil anos-luz, o equivalente a quatro vezes o diâmetro da Via Láctea.

A descoberta mostra que os elementos disparados pelas estrelas não viajam tranquilamente pelo espaço, mas sim que encaram uma jornada agitada e turbulenta. Como de costume, mais estudos são necessários para os pesquisadores entenderem melhor o meio circungaláctico, bem como seus impactos na formação das estrelas

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