Homem concede entrevista enquanto repórteres gravam com celulares
Carlos Baigorri é presidente da Anatel (Foto: Thássius Veloso/Tecnoblog)

De Barcelona – O presidente da Anatel, Carlos Baigorri, disse estar feliz com a notícia de que a Honor deve entrar no mercado nacional. Conforme revelamos nesta semana, o Brasil tem tudo para se tornar a última fronteira a ser conquistada pela empresa chinesa na América Latina.

Baigorri me concedeu uma entrevista exclusiva durante a MWC. Ao abordar a chegada da Honor, ele criticou a atual concentração de mercado. Nas palavras dele, os clientes têm basicamente três opções: Samsung, Apple e Motorola. Enquanto isso, gigantes do porte de Oppo, Vivo e Huawei apresentam produtos muito competitivos na principal feira de telecomunicações do planeta – mas que nunca desembarcam no país.

Confira a repercussão do assunto na entrevista abaixo. O Tecnoblog publicará outras partes da conversa nos próximos dias, portanto, fique ligado.

Mão segurando celular
Honor Magic 6 Pro foi anunciado em Barcelona (Foto: Thássius Veloso/Tecnoblog)

Entrevista

Thássius Veloso – O CEO da Honor disse na MWC 2024 que está estudando a forma de entrar no mercado brasileiro, inclusive com planos de produção local. Como você vê este movimento de um novo player?

Carlos Baigorri (Anatel) – Eu fico muito feliz. A gente fala de levar internet 4G ou 5G para o consumidor e, no caso da Anatel, olha muito pelo lado da infraestrutura. Para o cidadão efetivamente se beneficiar dessa tecnologia é preciso ter um celular compatível e um plano de dados. Percebemos que o Brasil tem um mercado muito concentrado e uma competição muito pequena na área dos smartphones. Basicamente, você tem Samsung, Apple e Motorola. Aqui em Barcelona vemos Xiaomi, Redmi, Honor, Huawei, Oppo, Vivo chinesa. São várias empresas mostrando celulares de ponta, lindos e maravilhosos, mas que não estão no Brasil.

Ficaria mais barato?

Teríamos um mercado mais competitivo se mais fabricantes estivessem no Brasil, e isso certamente refletiria em celulares mais baratos. Eu fiquei sabendo de um projeto que envolve a Qualcomm e que deve chegar num telefone 5G de US$ 99.

O consumidor brasileiro está mal servido?

Os smartphones vendidos no Brasil são muito bons. Samsung, Apple e Motorola oferecem produtos de muita qualidade. No entanto, as opções são poucas. É como chegar ao restaurante e só ter três pratos à disposição. Os pratos podem até ser bons, mas são poucos.

Algumas observações

Baigorri tem razão quando fala em alta concentração de mercado. Hoje em dia, a Samsung aparece em primeiro lugar, com uma fatia sempre na casa dos 50% (sim, metade dos telefones). A Motorola costuma ser a segunda colocada no critério de unidades vendidas. Já a Apple tem muita relevância quando se fala em receita, já que oferece smartphones mais caros e, com isso, arrecada bastante.

Repito estes números na forma de anedota porque as duas principais consultorias não costumam divulgá-los publicamente, alegando cláusulas de confidencialidade junto aos clientes.

No mercado internacional, as vendas da Apple superaram as da Samsung no quarto trimestre de 2023. Ela beira 25% de participação. Na sequência aparecem os sul-coreanos (17%), seguidos de Xiaomi (13%), Transsion (dona da marca Infinix, com 9%) e Vivo (com 7%; não confunda com a operadora brasileira). Os dados são da Canalys.

Mais MWC: no vídeo abaixo, conheça o Xiaomi 14 Ultra

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