Resumo
- O app de comida Rappi começou a cobrar taxa de R$ 12 por semana dos entregadores desde janeiro de 2024, criando a possibilidade de eles ficarem em dívida com a plataforma.
- A nova estrutura de cobrança gerou críticas e queixas de entregadores na internet, especialmente no Reclame Aqui.
- A empresa diz que a tarifa financia novas ações na plataforma, como aumento no valor mínimo das entregas, bônus por serviço em dias de chuva, missões semanais com pagamentos extras, integração de pedidos entre Rappi e Box, e opção de saque-rápido com taxas variáveis.
O aplicativo de entregas Rappi começou a cobrar uma taxa dos entregadores, o que na prática faz com que os profissionais parceiros possam ficar em dívida com a plataforma. A medida entrou em vigor em janeiro, mas só agora começou a ganhar os holofotes. Os entregadores devem pagar R$ 12 por semana. Caso não façam serviços em volume superior, ficam devendo para o Rappi.
A empresa tem sido criticada na internet. No Reclame Aqui há inúmeras queixas de entregadores sobre a tarifa de R$ 12. Numa delas, um profissional de São Paulo diz o seguinte: “faz as contas, são quase R$ 600 se trabalhar todas as semanas do ano!”. No total, o repasse para o Rappi chega a R$ 624 nas 52 semanas do ano. A resposta da empresa segue sempre o mesmo roteiro: lista os benefícios que passaram a vigorar com o início da cobrança.
Rappi cita novas ações dentro do app
O Tecnoblog busca o Rappi desde a semana passada. A empresa prometeu uma entrevista com o CEO Felipe Criniti, mas depois cancelou o compromisso e enviou a nota que você lê no fim do texto.
Já em seu site oficial, a empresa colombiana publicou um comunicado com os benefícios que são custeados pela nova tarifa. Ela já existia na Box, empresa de delivery adquirida pela Rappi em abril de 2023.
- Saída mínima (valor mínimo de uma entrega) de R$ 7 (era R$ 6,50) para motos e carros
- Saída mínima de R$ 6 para bicicletas (era R$ 5,50) — este valor já era pago desde 2023, segundo o Rappi
- Bônus de no mínimo R$ 1,50 em caso de chuva para cada entrega feita no período
- Missões semanais com pagamentos extras
- Integração de pedidos — um pedido feito no Box também aparecerá no Rappi e vice-versa
- Saque-rápido: opção de receber o pagamento em minutos, com a taxa de saque variando de acordo com o valor retirado — de R$ 0,70 + 4,99% se menor que R$ 100 ou de R$ 0,35 + 4,99% se maior que R$ 100.
O Rappi explica que a taxa é cobrada uma única vez, mesmo que o profissional tenha conta nas duas plataformas. A tarifa é válida apenas em algumas cidades, mas não há informações de quando ela chegará em outros municípios. Pelo que foi apurado com base no site do Rappi, não existe a opção de não pagar a taxa e ficar sem esses benefícios — é pagar ou não trabalhar com a empresa.
A empresa não explicou, por exemplo, se teme perder entregadores parceiros por causa da nova taxa. Principal nome do mercado de delivery de comida, o iFood declarou com exclusividade ao Tecnoblog que não cobra taxa similar e reiterou que não existe nenhuma conversa ou estudo sobre isso.
O Rappi não deu detalhes sobre as chamadas missões especiais. No site, não há nenhuma explicação sobre haver algum limite de acúmulo da dívida. A empresa não revela o que acontece caso um entregador se machuque em serviço antes de pagar a tarifa por completo.
Confira a resposta oficial
“A tarifa semanal, implementada a partir de janeiro de 2024, é relativa à taxa de uso e licenciamento das plataformas Rappi Entregador e Box Delivery. Essa tarifa é cobrada apenas de entregadores parceiros que realizaram, pelo menos, uma entrega naquela semana e esse valor é reinvestido em benefícios e melhorias para os próprios entregadores. Entre esses benefícios, estão aumento de tarifa, missões semanais com campanhas para entregadores e maior volume de pedidos, dentre outros. Além disso, incluímos iniciativas como o oferecimento de vagas gratuitas em cursos, soluções como centros de atendimento presenciais, suporte em tempo real e treinamentos de segurança no trânsito.”
Rappi (em nota ao Tecnoblog)
Exclusivo: Rappi impõe nova taxa e gera revolta de entregadores