Junho foi o mês de lançamento dos primeiros notebooks Copilot+, que trazem hardware específico para execução de tarefas de inteligência artificial (IA). Mas há um problema: a Microsoft tem tido dificuldade para convencer empresas de software a apostar nesse recurso.
Copilot+ é uma marca que a Microsoft criou para designar PCs cujos processadores são complementados com uma Unidade de Processamento Neural (NPU) capaz de lidar com pelo menos 40 trilhões de operações por segundo (ou seja, com mais de 40 TOPS).
Outros requisitos mínimos incluem 16 GB de RAM e 256 GB de armazenamento. Mas a NPU é o item principal. Com esse recurso, o computador pode executar determinadas tarefas de IA dependendo pouco ou nada de uma conexão à internet. Quais tarefas? É aí que está o problema.
Tem hardware, mas não tem software
De acordo com a Bloomberg, o cenário atual é paradoxal, pois há hardware para execução local de IA ou de outras tarefas que podem ser otimizadas por NPUs, mas a quantidade de softwares que se beneficiam desse recurso é baixíssima.
A razão disso é que as empresas de software estão aguardando o segmento de PCs com IA se desenvolver mais antes de seguir por esse caminho.
Companhias como Adobe, Salesforce e SentinelOne foram convidadas a otimizar seus softwares para os novos computadores com NPU, mas preferiram adiar essa tarefa.
Para a Microsoft, essa hesitação é terrível porque, no outro lado, estão os consumidores. Com possível exceção para entusiastas, ninguém vai comprar um Copilot+ ou qualquer computador com recursos nativos de IA se não houver software que se beneficie dessa capacidade.
Isso significa que a Microsoft tem dois desafios atuais: convencer desenvolvedores de software a explorar os recursos de hardware dos PCs Copilot+; convencer os consumidores de que vale a pena adquirir essas máquinas.
Desafio também para a Qualcomm
A Microsoft não está na sozinha na missão de fazer o segmento de computadores com IA vingar. Como destaca o site ExtremeTech, a Qualcomm aposta nos modelos Copilot+ para finalmente rivalizar com a Intel e a AMD no mercado de PCs.
De fato, os primeiros notebooks Copilot+ a chegarem no mercado têm chips Qualcomm Snapdragon X. Como eles são baseados na arquitetura Arm, o ideal é que desenvolvedores criem versões de seus softwares para eles. Mas até para isso há alguma resistência.
Felizmente, o Windows 11 tem um mecanismo chamado Prism que emula softwares x86 em computadores com chip Arm. A má notícia é que esse recurso talvez não esteja funcionando bem na atual fase. Pelo menos a Samsung vem tendo problemas com o Prism.
Mas dificuldades técnicas são esperadas na fase inicial de todo projeto. O maior desafio da Microsoft e da Qualcomm provavelmente está no marketing: é preciso convencer o mercado de que os PCs com IA não são moda passageira.
Embora a própria Microsoft tenha implementado algumas funcionalidades de IA nos primeiros Copilot+, a Bloomberg aponta que a maior parte dos consumidores que compraram esses notebooks o fez por conta da autonomia aumentada da bateria.
Microsoft luta para convencer mercado de que PCs com IA são uma boa ideia