![Ilustração com as marcas do TikTok, Instagram e WhatsApp. Ela mostra um emoji furioso e um velocímetro chegando perto do limite.](https://i0.wp.com/files.tecnoblog.net/wp-content/uploads/2024/03/capa-fim-apps-ilimitados_tb-1060x596.png?resize=1060%2C596&ssl=1)
Um novo projeto de lei pretende proibir que provedores de internet e operadoras de telecomunicações cobrem provedores de conteúdo pelo uso das redes, tarifa conhecida como fair share. O texto argumenta que tal obrigação entraria em conflito com os princípios do Marco Civil da Internet.
O PL 469/24 é de autoria do deputado federal David Soares (União-SP). Ele argumenta que o fair share vai contra o princípio de neutralidade da rede, estipulado pelo Marco Civil. Segundo este princípio, os provedores têm que dar o mesmo tratamento a qualquer tipo de tráfego de dados, sem diferenciar por conteúdo, origem, destino ou volume. Cobrar a mais de algumas empresas, portanto, seria ferir este princípio.
![Deputado David Soares](https://i0.wp.com/files.tecnoblog.net/wp-content/uploads/2024/03/deputado-david-soares-uniao-brasil-sp-1060x653.jpeg?resize=1060%2C653&ssl=1)
O projeto segue para as comissões de Comunicação e de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ). Ele será analisado em caráter conclusivo — caso seja aprovado por estas comissões, segue diretamente para o Senado, sem precisar ser votado na Câmara.
Operadoras querem que big techs paguem mais
O fair share é uma proposta das operadoras de telecomunicações. Elas entendem que grande parte do tráfego da internet vem de um pequeno número de empresas gigantes, como redes sociais e serviços de streaming.
Os provedores veem aí uma distorção. As big techs estariam usufruindo da infraestrutura e ganhando dinheiro com isso, sem dar nenhuma contribuição. O fair share entraria em cena para fazer empresas como Google, Meta e Netflix, para dar alguns exemplos, pagarem mais pela rede, financiando a construção e a manutenção das redes.
![YouTube e Netflix na tela](https://i0.wp.com/files.tecnoblog.net/wp-content/uploads/2022/03/tablet-7025900-1060x596.jpg?resize=1060%2C596&ssl=1)
Na Europa, o assunto não vingou: após consulta pública, só as empresas de telecomunicações ficaram a favor da ideia. No Brasil, o tema vem sendo debatido com mais frequência desde 2023. Algar, Claro, TIM e Vivo assinaram uma carta aberta, publicada no MWC 2024, pedindo políticas públicas que levem as big techs a contribuírem financeiramente.
Críticos da proposta, como a Internet Society (Isoc) e o Instituto Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS-Rio), chamam o fair share de “pedágio da internet”. A ideia de que as big techs não contribuem para a rede também é discutível, já que elas fazem investimentos em estruturas como cabos submarinos e redes de distribuição de conteúdo.
A Agência Nacional de Telecomunicações tem algumas hipóteses para a questão, mas medidas concretas só devem vir em 2025, depois de mais discussões com os envolvidos.
Enquanto isso, as operadoras brasileiras tomam outras medidas para tentar frear o uso da rede pelas gigantes. Elas estão deixando de oferecer o chamado zero rating, nome dado à franquia ilimitada para certos aplicativos, geralmente de mensagens ou redes sociais. Claro e TIM estão encerrando ofertas do tipo, e a Vivo não comercializa planos com redes sociais ilimitadas, exceto WhatsApp.
Com informações: Câmara dos Deputados
Projeto de lei quer impedir teles de cobrarem fair share de big techs